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Violência após eleição presidencial deixa mais de 20 mortos em Moçambique

Escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa são residentes em Moçambique, mas já conseguiram deixar o país

O ministro do Interior, Pascoal Ronda, informou que nas últimas 24 horas foram registrados 236 "atos de violência grave" (Horacio Villalobos - Corbis/Corbis/Getty Images)

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Agência o Globo
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Publicado em 25 de dezembro de 2024 às 16h27.

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Ao menos 21 pessoas morreram, incluindo dois policiais, durante distúrbios em Moçambique após a ratificação da vitória do candidato governista, Daniel Chapo, nas eleições presidenciais de outubro. A violência começou nesta segunda-feira, segundo informações do governo local.

O Conselho Constitucional confirmou que Chapo, da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), obteve 65% dos votos, enquanto seu principal opositor, Venâncio Mondlane, ficou com 24%. Mondlane denuncia fraudes eleitorais e pede a intensificação dos protestos.

A escalada da violência

O ministro do Interior, Pascoal Ronda, informou que nas últimas 24 horas foram registrados 236 "atos de violência grave". Entre os incidentes, 25 pessoas ficaram feridas, sendo 13 policiais. A capital, Maputo, vive um clima de medo, com barricadas bloqueando estradas e vias de acesso ao aeroporto.

Mouzinho Saide, diretor do hospital central de Maputo, relatou que a unidade opera em condições críticas devido à falta de pessoal. Mais de 90 feridos deram entrada no hospital, incluindo vítimas de tiros e armas brancas.

A União Europeia pediu "moderação a todas as partes", enquanto delegacias e outras infraestruturas públicas foram alvos de vandalismo no norte do país, região com forte oposição à Frelimo.

Figuras públicas buscam segurança

Os escritores Mia Couto e José Eduardo Agualusa, residentes em Moçambique, informaram estar seguros. Couto e sua família buscaram abrigo na África do Sul, enquanto Agualusa e seus familiares também deixaram o país.

Muitos moçambicanos acreditavam que essas eleições poderiam encerrar décadas de domínio da Frelimo, no poder desde a independência em 1975. No entanto, a ratificação dos resultados consolidou o controle do partido, que ocupa ampla maioria na Assembleia Nacional.

"Humilhação do povo"

Mondlane acusou o Conselho Eleitoral de "legalizar a fraude". Seu partido, alinhado à oposição, criticou a falta de transparência do processo eleitoral. Veículos foram incendiados, delegacias atacadas e uma prisão teve 86 detentos fugindo durante os confrontos.

Os protestos expõem a desigualdade persistente em Moçambique, um dos países mais desiguais do mundo. Para muitos, o resultado das eleições representa mais um episódio de exclusão política e econômica.

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