Trabalhadores da mina de Marikana fazendo greve: o presidente Jacob Zuma lançou uma investigação para esclarecer o tiroteio de 16 de agosto. (Stringer/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 13h16.
Joanesburgo - Imagens exibidas pela televisão britânica reforçaram a tese segundo a qual a polícia sul-africana teria perseguido e assassinado a sangue-frio os mineiros grevistas durante a tragédia de Marikana (norte), que terminou com a morte de 34 manifestantes no dia 16 de outubro de 2012.
A emissora Channel 4 exibiu nesta semana imagens gravadas com telefone celular que mostram policiais perseguindo mineiros e matando pelo menos um.
O vídeo, que foi analisado em novembro por uma comissão de investigação criada para esclarecer os acontecimentos, parece confirmar o que as testemunhas e as investigações já haviam apontado nas semanas seguintes à tragédia, que a polícia sul-africana não agiu apenas em legítima defesa.
Nas imagens, aparentemente gravadas por um policial, é possível ouvir um oficial dizer a seus parceiros para agirem com moderação: "O cara está lá, o que corre. Não atira nele, não atira nele!"
Mas no instante seguinte, são ouvidos tiros e, em seguida, a câmera filma um cadáver.
Depois um outro policial diz: "Este filho... , eu atirei pelo menos 10 vezes!"
De acordo com o Channel 4 News, o corpo foi encontrado com 12 balas.
O presidente Jacob Zuma lançou uma investigação para esclarecer o tiroteio de 16 de agosto, que chocou a África do Sul, lembrando a brutalidade do apartheid.
Das 34 vítimas, 16 manifestantes foram mortos durante o tiroteio, que foi transmitido ao vivo pela televisão, os outros 18 mineiros foram mortos em seguida.
Os advogados das famílias das vítimas revelaram que pelo menos 14 mortos foram atingidos pelas costas, sugerindo que eles foram assassinados enquanto fugiam da polícia.
A comissão de investigação deverá apresentar as suas conclusões em janeiro, mas deve prosseguir com as suas audiências até o final do outono austral, em maio
O conflito da mina de platina de Marikana, operada pelo grupo britânico Lonmin, causou um total de 48 mortos. Começou no final de setembro com reivindicação por aumentos salariais.
O movimento provocou uma onda sem precedentes de greves que se espalharam entre muitas minas em todo o país até novembro.