Ataque a embaixador russo na Turquia: vídeo mostra o momento em que atirador se preparava para atirar (Hasim Kilic/Hurriyet/Reuters)
Gabriela Ruic
Publicado em 22 de dezembro de 2016 às 10h29.
Última atualização em 22 de dezembro de 2016 às 10h31.
São Paulo – Dias depois do homicídio do embaixador russo Andrey Karlov em uma galeria de arte em Ancara, Turquia, um novo vídeo que mostra os minutos antes do ataque começa a circular nas redes sociais.
A filmagem tem quase dois minutos de duração e começa com a fala de Karlov sobre a exposição que estava sendo inaugurada. O policial Mevlut Mert Altintas, de 22 anos, é visto no fundo. Depois de andar de um lado para o outro, o atirador finalmente se posiciona atrás da pessoa que traduzia o discurso, retira a arma com calma e inicia os disparos. Veja abaixo.
As imagens podem chocar.
Após a queda de Karlov, Altintas passa a gritar dizeres em árabe que depois foram traduzidos. De acordo com as análises, o atirador gritava. “Não esqueçam de Aleppo, não esqueçam da Síria!”, “Allah Akbar” e evocava “aqueles que prometeram lealdade a jihad”.
Momentos depois da divulgação do ataque, vieram à tona imagens impressionantes, capturadas por Burhan Ozbilici, o fotojornalista da agência Associated Press que cobria o evento. Mostravam Altintas com a arma para o alto, parecia gritando alguma coisa, e o corpo de Karlov estendido no chão. A repercussão dos registros foi imediata.
No dia seguinte, Ozbilici publicou um relato do que houve dentro da galeria de arte. “O evento parecia ser rotineiro, a abertura de uma exposição de fotos da Rússia. Quando um homem em de terno escuro tirou uma arma, fiquei atordoado e pensei ser uma ação teatral”, contou.
Após os tiros começarem, o fotojornalista relatou que o caos tomou conta da galeria, pessoas gritando, correndo e se escondendo atrás dos pilares. “Eu estava com medo e confuso, mas encontrei uma proteção parcial e fiz o meu trabalho: tirei fotos”, continuou.
Ainda de acordo com Ozbilici, ambulâncias e policiais não demoraram a chegar e o atirador foi logo morto. Ao chegar no escritório da AP em Ancara, decidiu editar as fotos capturadas e se surpreendeu ao perceber que o assassino estava atrás do embaixador o tempo todo. “Como um amigo ou um guarda-costas”, finalizou.
A identificação do atirador veio algumas horas depois. Policial de apenas 22 anos, Ozbilici havia trabalhado na equipe de segurança do presidente turco Recep Tayyip Erdogan e, desde a tentativa de golpe que aconteceu em julho na Turquia, esteve ao lado de Erdogan em ao menos oito eventos.
Autoridades turcas agora investigam a sua suposta ligação com o movimento liderado clérigo Fethullah Güllen, que vive exilado nos EUA e é acusado por Erdogan de ser o maestro dessa tentativa de golpe. Güllen e seus seguidores, no entanto, negam todas as acusações.