Jorge Videla escuta veredito por crimes cometidos durante a ditadura: o ex-ditador foi condenado em 2010 à prisão perpétua por delitos de lesa-humanidade. (Enrique Marcarian / Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de maio de 2013 às 15h38.
Londres - A organização Anistia Internacional (AI) ressaltou nesta sexta-feira que o ex-ditador argentino Jorge Rafael Videla, que morreu em uma prisão de Buenos Aires aos 87 anos, "não escapou da Justiça".
Videla "morreu na prisão, onde cumpria sentença por crimes contra a humanidade", destacou a AI em comunicado, no qual lembrou que em novembro de 1976 enviou seus primeiros investigadores para avaliar as denúncias sobre violações de direitos humanos na Argentina.
O ex-ditador foi condenado em 2010 à prisão perpétua por delitos de lesa-humanidade.
Além disso, no ano passado, um tribunal lhe condenou a 50 anos de prisão pelo plano sistemático de roubo de bebês que eram filhos de perseguidos ou desaparecidos, enquanto seguia em curso um julgamento por sua participação no Plano Condor, operação para perseguir e fazer desaparecer opositores políticos na América Latina.
"A Argentina liderou o caminho para perseguir os responsáveis pela tortura, assassinato e desaparecimento de milhares de pessoas durante os governos militares em toda América Latina", declarou Mariel Belski, responsável da organização em Buenos Aires.
A Anistia estimulou os países da região a "continuar com os esforços para levar perante a Justiça os responsáveis dos terríveis crimes cometidos durante a época mais obscura" do continente.
"Desde que Videla chegou ao poder, a AI recebeu denúncias sobre violações de direitos humanos e, em novembro de 1976, enviou uma missão de investigação à Argentina. O resultado foi um relatório detalhando sobre detenções sem ordem judicial e torturas", lembrou hoje a organização.
Videla comandou o golpe de março de 1976 e liderou até 1981 uma Junta militar que, segundo as organizações de direitos humanos argentinas, sequestrou, torturou e fez desaparecer pelo menos 30 mil pessoas.