Leni Robredo: segundo ela, Duterte não queria que ela participasse mais das reuniões do Gabinete (Ezra Acayan/Reuters)
EFE
Publicado em 5 de dezembro de 2016 às 11h05.
Manila - A vice-presidente das Filipinas, Leni Robredo, informou nesta segunda-feira que abdicará do cargo que tinha no governo do presidente Rodrigo Duterte, mas ficará no cargo que ganhou nas eleições e através do qual prometeu lutar contra qualquer forma de ditadura.
Leni, que não esconde suas diferenças com Duterte, convocou uma entrevista coletiva em Manila para esclarecer por que renunciou à presidência do Conselho Coordenador de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUDCC), posição oferecida pelo chefe de Estado.
Em inglês e tagalo, explicou que recebeu um SMS ontem que informava que Duterte não queria que ela participasse mais das reuniões do Gabinete.
Diante disso, Leni anunciou no mesmo dia sua renúncia como chefe do HUDCC, que foi efetivada hoje. Ela disse que só apoiará as políticas de Duterte que considerar "corretas e justas" e que ficará atenta "contra o retorno de qualquer forma de ditadura", como a dos Marcos.
"Lutamos esta batalha antes e ganhamos. Nunca deixaremos que ninguém revise nossa história e mude para que o mau pareça bom", acrescentou a vice-presidente.
As afirmações de Leni foram dirigidas aos herdeiros de Ferdinand Marcos, a viúva Imelda e seus filhos. Bongbong Marcos, o filho, é aliado político de Duterte e concorreu com Leni pela vice-presidência nas eleições realizadas em 9 de maio. A diferença que fez com que Leni ganhasse foi tão ajustada que Bongbong ainda não reconheceu a derrota e recorreu do resultado perante a Corte Suprema.
Ao mesmo tempo, após anos de tentativas, a família Marcos conseguiu o patriarca do clã que fosse enterrado em 18 de novembro no Cemitério dos Heróis em cerimônia privada.
Ferdinand Marcos governou as Filipinas de 1965 a 1986. De acordo com a ONG Transparência Internacional, Marcos e Imelda se apropriaram de forma ilícita quase US$ 10 bilhões durante seu governo. O regime dos Marcos também é acusado de ser o responsável da morte, tortura e detenção ilegal de mais de 100 mil pessoas.