O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro: Maduro viajou a Havana para seguir de perto a evolução do líder venezuelano (©afp.com / -)
Da Redação
Publicado em 2 de janeiro de 2013 às 13h24.
Caracas - O presidente venezuelano, Hugo Chávez, está consciente da complexidade de seu estado de saúde, disse na terça-feira de Cuba o vice-presidente, Nicolás Maduro, sem adiantar o que acontecerá se o presidente não puder assumir um novo período de governo no dia 10 de janeiro.
"Pude vê-lo em duas oportunidades, conversar com ele (...) Ele está consciente da complexidade do estado pós-operatório", disse Maduro em uma entrevista transmitida pela rede de televisão regional Telesur de Havana, onde Chávez está hospitalizado há três semanas.
O presidente se encontra em "uma situação complexa (...) às vezes tem leves melhoras, às vezes situações estacionárias", acrescentou o vice-presidente, dois dias depois de informar sobre novas complicações no estado de saúde de Chávez.
Maduro, que também ocupa o cargo de chanceler, admitiu que esta é "a adversidade mais dura" que o governismo sofreu desde que Chávez chegou ao poder, em 1999, mas se mostrou confiante de que o presidente irá se recuperar.
Também assegurou ter encontrado o presidente "com uma força gigantesca".
"Eu o saudei com a mão esquerda, depois me apertou com uma força gigantesca enquanto falávamos", disse, criticando a onda de rumores e mentiras que proliferaram nos últimos dias sobre o estado de saúde de Chávez e inclusive sobre sua morte.
Maduro, que na sexta-feira passada viajou a Havana para seguir de perto a evolução do líder venezuelano, explicou que retornará nesta quarta-feira a Caracas para retomar os trabalhos do governo.
Chávez, de 58 anos, foi operado no dia 11 de dezembro pela quarta vez de um câncer cuja localização se desconhece.
O presidente, reeleito em outubro, deveria reassumir a presidência no dia 10 de janeiro perante a Assembleia Nacional e Maduro em nenhum momento da entrevista explicou o que acontecerá se o presidente não puder estar presente.
Antes de partir a Havana para realizar a operação, Chávez anunciou que Maduro assumiria a presidência temporária se ele ficasse incapacitado e seria o candidato governista em eleições que serão convocadas.
"Vocês elejam Maduro como presidente da República, peço do meu coração", disse o presidente, ao designar pela primeira vez em 14 anos de poder um herdeiro político.
Segundo a Constituição, caso seja declarada a falta absoluta de Chávez, Maduro deve assumir a presidência temporária até o fim do atual mandato - 10 de janeiro - e o país deverá realizar novas eleições em 30 dias.
Mas, se esta ausência não for declarada e Chávez não puder assumir no dia 10 de janeiro um novo mandato, seria aberto um cenário incerto.
Segundo Maduro e o presidente do Legislativo, Diosdado Cabello, neste momento a segunda figura de mais destaque do chavismo, a data de 10 de janeiro, fixada na Constituição, é adiável e Chávez pode assumir mais adiante perante o Supremo Tribunal de Justiça.
Cabello descartou inclusive ativar neste dia - se ocorrer a ausência do presidente - um artigo da Constituição que prevê que o líder da Assembleia Nacional assuma a presidência temporária e convoque eleições, que devem ser realizadas em 30 dias.
Os analistas concordam, no entanto, que, em caso de falta absoluta de Chávez - que pode ser por morte ou incapacidade física permanente, entre outras possibilidades - convêm ao chavismo eleições rápidas.
Contra Maduro, o rival mais provável nas urnas é Henrique Capriles, que perdeu nas eleições de outubro para Chávez.