Mundo

Viagem de secretário americano a Israel na pandemia causa surpresa

Secretário de Estado, Mike Pompeo, se encontra nesta quarta com Benjamin Netanyahu e Benny Gantz em uma rara missão diplomática durante a pandemia

EUA: viagem de Pompeo durante a pandemia surpreendeu o corpo diplomático americano (Ngan/Pool/Reuters)

EUA: viagem de Pompeo durante a pandemia surpreendeu o corpo diplomático americano (Ngan/Pool/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de maio de 2020 às 06h33.

Última atualização em 13 de maio de 2020 às 06h54.

Depois de quase dois meses sem realizar viagens internacionais, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, chega nesta quarta-feira a Israel para uma rara visita de Estado em meio à pandemia do novo coronavírus. Durante a viagem, Pompeo deve ter encontros com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e com Benny Gantz, os dois principais líderes políticos do país.

A viagem do secretário de Estado americano (cargo o equivalente ao de um ministro de Relações Exteriores) num momento em que as viagens internacionais estão restritas no mundo pegou de surpresa até mesmo o corpo diplomático americano, de acordo com uma reportagem da CNN. “Não dá para dizer que, sob nenhum aspecto, ir a Israel é uma prioridade”, disse uma fonte ouvida pela emissora americana.

Oficialmente, o objetivo da viagem do secretário é discutir as estratégias de combate à pandemia da covid-19 em Israel e também as questões de segurança no Oriente Médio, em especial a influência do Irã. Mas uma das possibilidades levantadas por analistas é de que a visita seja um aceno governo do presidente Donald Trump ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A expectativa é a de que Trump dê o aval para um polêmico plano israelense de anexar formalmente 30% do território da Cisjordânia. A região é reconhecida em tratados internacionais como parte do Estado palestino, mas é controlada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967.

A anexação de parte da Cisjordânia é uma antiga demanda de políticos israelenses e é defendida pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas enfrenta grande resistência internacional, especialmente dos países europeus. A anexação é um dos pontos defendidos também no plano de paz do presidente Donald Trump, apresentado no início do ano sem o apoio dos palestinos.

A proposta da anexação está prevista no recente acordo firmado entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz para formar um governo de coalizão em Israel depois de um longo impasse político. O acordo de coalização prevê a anexação da Cisjordânia desde que a proposta receba o aval dos Estados Unidos até o dia 1º de julho. Em uma entrevista recente, Mike Pompeo afirmou que a decisão sobre a anexação é uma prerrogativa do governo de Israel.

Em um artigo publicado no jornal Haaretz, de Tel Aviv, o ex-embaixador americano em Israel, Daniel Shapiro, levanta a possibilidade de que a visita de Mike Pompeo tenha o objetivo de coordenar a posição dos dois países na questão da anexação. A anexação tem ainda um viés político, por causa da sua influência na eleição americana.

“A anexação enfrenta grande oposição entre o público dos Estados Unidos em geral e não tem o apoio definitivo da comunidade judaica americana. Mas, para a base judaica evangélica e de direita de Trump, a anexação israelense – e os ritos para dar um fim à solução moribunda de dois estados – é extremamente popular”, escreve o ex-embaixador.

Israel é o único destino na viagem do secretário Mike Pompeo. Ele deve ficar no país por apenas algumas horas e voltará aos Estados Unidos depois de se encontrar com Netanyahu e Benny Gantz. A visita acontece um dia antes da inauguração do novo governo de coalizão de Israel. O acordo prevê que Benjamin Netanyahu permaneça no cargo de primeiro-ministro por 18 meses. Depois, o rival político Benny Gantz – que será ministro da Defesa e vice-primeiro-ministro até lá – assume o posto.

A posse do novo governo estava prevista para esta quarta-feira, mas foi adiada para quinta justamente por causa da visita do secretário americano. O encontro deve definir os próximos passos da política americana – e a do presidente Donald Trump – para a região.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusEstados Unidos (EUA)Exame HojeIsrael

Mais de Mundo

Conheça os cinco empregos com as maiores taxas de acidentes fatais nos EUA

Refugiados sírios tentam voltar para casa, mas ONU alerta para retorno em larga escala

Panamá repudia ameaça de Trump de retomar o controle do Canal

Milei insiste em flexibilizar Mercosul para permitir acordos comerciais com outros países