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Vestibular chinês é prova de fogo para milhões de jovens

Cerca de 9,4 milhões de chineses participaram nesse fim de semana (7 e 8 de junho) do Gaokao, o vestibular chinês


	Escola em Xangai: vestibular chinês atrai 9,4 milhões de jovens
 (PETER PARKS/AFP/Getty Images)

Escola em Xangai: vestibular chinês atrai 9,4 milhões de jovens (PETER PARKS/AFP/Getty Images)

Guilherme Dearo

Guilherme Dearo

Publicado em 9 de junho de 2014 às 17h28.

São Paulo - O fim de semana dos dias 7 e 8 de junho foi crucial para cerca de 9,4 milhões de jovens chineses.

Eles enfrentaram o temível vestibular nacional, chamado de "Gaokao", que seleciona estudantes para ingressar no sistema de ensino superior chinês.

Segundo o South China Morning Post, a frase “Gaokao blessing” - um "boa sorte" - foi escrita 57 milhões de vezes no Weibo (popular rede social chinesa) durante o fim de semana. De longe, a expressão mais usada no site.

O tamanho da prova impressiona. Para comparar: o SAT, o vestibular americano, atrai 1,66 milhão de jovens. O Enem brasileiro tem cerca de 8 milhões de inscritos (mas menos pessoas fazem a prova de fato).

Para a maioria desses jovens chineses, ir bem nesse teste é a única maneira de encontrar um emprego decente e obter um bom diploma.

As cidades se transformam na época do vestibular e nesse fim de semana não foi diferente.

Um trânsito quilométrico se instala em torno dos centros de estudo. Alguns bairros até proíbem “entretenimento” dentro de um raio de 500 metros dos locais de prova. O silêncio é imperativo.

A religião também aparece mais do que nunca: pais e familiares vão a templos rezar por Confúcio e pedir bons resultados. Há quem reze, também, ao pé de estátuas de Mao Tsé-Tung.

É uma prova um tanto mecânica e de memorização. Os estudantes, então, se submetem a uma extrema rotina de estudos.

A melhor

Na província de Hebei, está a The Hengshui High School, que há 14 anos é considerada a melhor para preparar os estudantes para o vestibular.

Segundo o China Daily, essa é a rotina puxada de estudos dos jovens: das 5h30 às 22h10, os estudantes, que vivem ali, se dedicam aos estudos.

Pela manhã, após acordarem, são 15 minutos de exércicios físicos e mais meia hora de leitura. O café, às 6h30, dura exatos 19 minutos. Então, as aulas de fato começam.

No total, são 10 horas e meia por dia de aulas. Ainda há períodos de exercícios e descanso durante o dia.

Ali, celulares não são permitidos. Câmeras por toda a parte vigiam os alunos e buscam algum que esteja "matando aula".

Há provas todos os dias, além de uma prova grande semanal e outra mensal. Há apenas um dia de folga por mês.

Os resultados são expostos diariamente em forma de ranking nos murais dos corredores, aos olhos de todos. A competição entre os alunos é muito grande, portanto.

Extremos

A pressão para passar na prova é tamanha que muitos recorrem a uma rotina preocupante e nada saudável.

Um estudante disse ao China Daily que gasta de três a cinco minutos para comer, apenas. Algumas vezes, consegue terminar o almoço em dois minutos. Imediatamente, volta para os estudos.

A BBC reportou que algumas escolas aplicam substâncias intravenosos, com aminoácidos, para que os estudantes não parem para se alimentar.

Até mesmo a melhor do país para o Gaokao, a The Hengshui High School, não é unanimidade. Muitos criticam ela e outras similares - assim como criticam o vestibular - por ser algo extremamente mecânico e que tira a criatividade dos alunos.

"Se eu pudesse escolher novamente, não gastaria três anos da minha vida em uma escola como essa. Nem deixaria meus filhos estudarem nela", disse Li Jingnan ao China Daily. Ela estudou na Hengshui e depois se formou na Tianjin University of Finance & Economics.

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