Novo tipo de gecko com a cauda em formato de folha: pequeno réptil, endêmico da Austrália, foi batizado de Saltuarius eximius (que significa excepcional, em latim) (AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de outubro de 2013 às 18h39.
Sydney - Um grupo de cientistas australianos que exploram um "mundo perdido" no norte da ilha descobriram três espécies de vertebrados isolados há milhões de anos, incluindo um novo tipo de gecko (geconídeo, uma família de répteis sáurios) com a cauda em formato de folha.
Conrad Hoskin, da Univerdade James Cook, e uma equipe de televisão da National Geographic, foram levados de helicóptero a Cape Melville, cujo relevo é feito de rochas de granito empilhadas ao longo de centenas de metros. Anteriormente, realizaram estudos nos campos rochosos no sopé da colina, mas a colina em si, identificada por imagens de satélite, continua sendo pouco conhecida e de difícil acesso.
"A parte superior de Cape Melville é um mundo perdido. E descobrir estas espécies é obra de toda uma vida", declarou Conrad Hoskin, que se somou à classificação de espécies vivas um gecko longilíneo com uma cauda plana e um par de olhos esbugalhados.
O pequeno réptil, endêmico da Austrália, foi batizado de Saltuarius eximius (que significa excepcional, em latim). Ele mede 20 cm e seria um sobrevivente dos tempos imemoriais da selva tropical cobria grande parte do solo australiano. De aspecto "primitivo", este réptil é biologicamente muito diferente de seus parentes e representa a sétima subespécie das salamandras australianas.
"Quando vi, soube que se tratava de uma nova espécie de salamandra. Tudo nela era claramente diferente em relação às características de outros répteis do tipo", afirmou Hoskin. Os cientistas também identificaram uma nova espécie de lagartixa de pele dourada e uma rã que vive entre as rochas.
A lagartixa também é muito diferente de seus parentes das florestas tropicais. Já a rã, durante as temporada de seca, é encontrada entre rochas, onde as temperaturas são frescas e o ar, úmido, permitindo que as fêmeas coloquem seus ovos em rachaduras com umidade suficiente.
Na falta de água, o girino se desenvolve dentro do ovo, de onde sai já uma rã completamente formada. Quando começa a temporada úmida, a rã vai para a superfície da rocha para se alimentar e se reproduzir.
"Descobrir três novos vertebrados seria por si só surpreendente em um país relativamente pouco explorado como a Nova Guiné, mas é algo ainda mais surpreendente na Austrália, que foi amplamente explorada", explicou Conrad Hoskin.
Segundo a National Geographic, a equipe planeja voltar a Cape Melville dentro de alguns meses para buscar mais espécies desconhecidas, incluindo caracóis, aranhas e talvez até pequenos mamíferos.
"Todos os animais de Cape Melville são incríveis, precisamente por sua capacidade de persistir durante milhões de anos na mesma zona e não se extinguir. É algo alucinante", concluiu Hoskin. Seus trabalhos estão sendo publicados pela revista Zootaxa.