Nicolás Maduro, presidente da Venezuela (Gabriela Oraa/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 26 de março de 2024 às 16h16.
O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, afirmou, nesta terça-feira, que dois supostos apoiadores do partido Vem Venezuela, da líder opositora María Corina Machado, serão acusados de tentativa de homicídio contra o presidente Nicolás Maduro.
De acordo com Saab, os dois suspeitos foram presos durante o evento de inscrição de candidatura de Maduro, na segunda-feira. Eles teriam sido abordados "em atitude suspeita" em meio a simpatizantes chavistas, a cerca de 20 metros do local onde estava Maduro. Os dois portavam armas de fogo.
"Durante o interrogatório, os mesmos afirmaram ser ativistas políticos da organização Vem Venezuela: reincidente em ações violentas similares à antes descrita", escreveu o procurador-geral em uma publicação no Twitter.
Saab afirmou que os dois serão apresentados à justiça, acusados dos crimes de terrorismo, associação, tentativa de magnicídio, instigação ao ódio e porte ilícito de arma de fogo em locais proibidos.
A denúncia do procurador-geral ocorre em um momento decisivo da campanha presidencial, com o fim dos registros de candidatura sendo contestado pela principal força de oposição, que não conseguiu a substituta de María Corina —declarada inelegível por 15 anos —, Corina Yoris, no pleito. O motivo não foi informado.
O impedimento da inscrição pressionou o governo em Caracas. Brasil e Colômbia, os dois principais vizinhos da Venezuela, expressaram preocupação com a lisura do pleito. A nota divulgada pelo Itamaraty menciona que "com base nas informações disponíveis", o impedimento à candidatura de Corina Yoris "não é compatível com os acordos de Barbados", destacando que "o impedimento não foi, até o momento, objeto de qualquer explicação oficial".
Sem María Corina ou sua substituta, o principal nome da oposição acabou sendo Manuel Rosales, governador do estado de Zulia. De última hora, o partido de Rosales, Um Novo Tempo (UNT), conseguiu inscrevê-lo na noite de segunda-feira. Alguns especulam que o registrou aconteceu diretamente no Conselho Nacional Eleitoral (CNE), controlado pelo chavismo, e não pela internet.
— Para a Venezuela, temos que votar e é por isso que estou aqui, porque vou anunciar à Venezuela e ao mundo que vou liderar a maior rebelião de votos que já existiu na História — disse Rosales na sede do partido Um Novo Tempo (UNT) em Caracas, por volta do meio dia. — Houve muitos obstáculos, dificuldades nesse caminho tortuoso, mas não há outra alternativa, é somente através da via eleitoral, do poder que cada venezuelano tem de votar que podemos mudar isso.
María Corina não declarou apoio a Rosales.