Projeto de lei diz que toda a atividade gasífera "poderá ser exercida diretamente pelo Estado, por entidades de sua propriedade ou por empresas mistas com participação majoritária do Estado"
Da Redação
Publicado em 23 de dezembro de 2010 às 09h20.
Entre 2006 e 2007, a Venezuela, um país integrante da Opep, nacionalizou projetos petrolíferos, mas não alterou a lei de 1999 sobre o gás, na esperança de atrair investimentos.
Esse regime de abertura permitiu que dezenas de empresas estrangeiras obtivessem licenças para prospectar gás no país, o que elevou o volume das reservas comprovadas. A produção, no entanto, não é suficiente para atender ao mercado interno.
O projeto de lei diz que toda a atividade gasífera --da prospecção à comercialização-- "poderá ser exercida diretamente pelo Estado, por entidades de sua propriedade ou por empresas mistas com participação majoritária do Estado".
O texto ressalva que licenças já concedidas a empresas privadas serão mantidas, mas que os projetos já em fase de produção poderão ter de formar uma empresa mista, na qual a estatal PDVSA seja majoritária.
A reforma deve ser incluída no pacote de medidas a serem decretadas nos próximos 18 meses pelo presidente Hugo Chávez, usando os poderes especiais que a Assembleia Nacional recentemente lhe concedeu, segundo uma fonte envolvida na redação da lei.
A Venezuela tem a maior reserva comprovada de gás da América do Sul, e a nona maior do mundo. Mas atrasos na execução dos projetos, desacordos entre a PDVSA e as empresas privadas sobre a possibilidade de exportar gás, o congelamento de tarifas no mercado interno e o declínio de preços no mercado externo fazem com que vários dos campos não tenham começado a ser explorados comercialmente.
A produção do país atualmente é de 6 bilhões de pés cúbicos diários de gás, insuficiente para atender à demanda interna, que cresceu muito com a instalação de dezenas de usinas termelétricas.