O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo procurador-geral do país, Tarek William Saab, aliado político de Maduro (Carolina Cabral/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 10h15.
Trinta e duas pessoas, entre civis e militares, foram presas acusadas de cinco supostos planos para assassinar o presidente venezuelano Nicolás Maduro. O anúncio foi feito nesta segunda-feira pelo procurador-geral do país, Tarek William Saab, aliado político de Maduro. Ele também ordenou a captura de 11 pessoas, um grupo que inclui ativistas de direitos humanos, jornalistas e militares no exílio.
Na lista estão a jornalista Sebastiana Barráez, especializada em informações das Forças Armadas, e a advogada e defensora dos direitos humanos Tamara Suju, que reside fora do país. Em comunicado transmitido pelo canal do Estado, Saab também anunciou ordens de prisão contra os youtubers Wender Villalobos e Norbey Marín, e os militares aposentados Mario Iván Carratú Molina e José Antonio Colina.
Na operação em que as 32 pessoas foram detidas, segundo o governo, foram capturados “mercenários e militares” do Peru, Colômbia, Estados Unidos e Venezuela, embora suas identidades não tenham sido divulgadas. “Eles tinham o objetivo de me assassinar, assassinar importantes líderes políticos e militares da Venezuela e criar caos e comoção no país”, afirmou na semana passada o presidente venezuelano.
Maduro ainda apontou, na ocasião, para o serviço de inteligência dos EUA, grupos de narcotraficantes colombianos e a ultradireita, como se refere à oposição venezuelana, como os autores do plano. Nesta segunda-feira, Saab apresentou um vídeo no qual militares detidos acusaram Sebastiana, Tamara e os outros mencionados de atuarem no plano para atacar o presidente e o governador chavista Freddy Bernal.
A operação supostamente seria realizada durante a noite de Ano Novo, sob coordenação do ex-militar Ángelo Heredia, que já havia sido preso em 2019 por traição à pátria e, segundo as autoridades, fugiu. Sebastiana cobre informações militares há décadas. Tamara, que vive na República Tcheca desde 2014, denunciou casos de tortura e outras violações de direitos humanos a prisioneiros políticos militares, que são mais de 100.
A advogada também alimentou o processo contra Maduro no Tribunal Penal Internacional, e ambas denunciaram os maus-tratos sofridos durante a recaptura de Heredia, em dezembro passado, quando ele tentava atravessar para a Colômbia. Em resposta às acusações, Tamara escreveu: “O procurador da ditadura continua criminalizando o trabalho dos advogados e defensores dos direitos humanos”.
Embora o governo da Venezuela tenha retomado o diálogo na negociação promovida pela comunidade internacional para encontrar uma saída pacífica ao conflito político, e nessas conversas tenha sido acordado melhorar as garantias democráticas para a oposição, o chavismo mantém seu aparato de controle e continua a prender dissidentes.
Nas últimas semanas, alguns presos políticos foram soltos, mas também houve novas prisões, com mais de 200 pessoas permanecendo detidas por motivos políticos. Além disso, há a implementação, em vista das próximas eleições presidenciais, da chamada “fúria bolivariana”, uma organização cívico-militar-policial “para enfrentar qualquer tentativa terrorista e golpista, seja como for”, como explicou o próprio Maduro.
Defensores dos direitos humanos, no entanto, veem a ação como parte de uma estratégia de intimidação à dissidência