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Venezuela: María Corina convoca novas manifestações e reitera que grupo teve mais de 70% dos votos

Oposição, organizada em torno de María Corina Machado, representou uma ameaça real à continuidade de do líder chavista no poder

Maria Corina Machado (Miguel Gutiérrez/EFE)

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Agência o Globo
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Publicado em 30 de julho de 2024 às 10h26.

Última atualização em 30 de julho de 2024 às 10h36.

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Após reiterar que a oposição venceu as eleições do último domingo na Venezuela, resultado questionado também pela comunidade internacional devido à falta de transparência no processo, a líder opositora María Corina Machado pediu, nesta segunda-feira, que os apoiadores voltem às ruas para novas manifestações. Mais cedo, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela proclamou oficialmente Nicolás Maduro como vencedor, mesmo antes de apresentar as atas oficiais como prometido, e o chavista denunciou que "estão tentando impor um golpe de Estado" no país.

O resultado anunciado pelo conselho na madrugada desta segunda-feira, com 80% das urnas apuradas, indicou a reeleição do chavista para um terceiro mandato de seis anos, com mais de 5,1 milhões de votos (cerca de 51,2%) contra 4,4 milhões (44,2%) obtidos pelo candidato opositor, o diplomata Edmundo González Urrutia. A oposição denuncia não ter tido acesso a 100% das atas de votação, e contesta o resultado final, apontando que González Urrutia é o verdadeiro vencedor.

González acusou o CNE de “violar as normas” e destacou que seu grupo político lutará para que “a vontade do povo seja respeitada”. A líder da oposição, María Corina Machado — que chegou a vencer as primárias mas foi impedida de disputar o pleito —, anunciou que nos próximos dias sua coalizão agirá para “defender a verdade”.

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Suposto ataque hacker

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, também disse à imprensa venezuelana que a líder da oposição, María Corina Machado, estaria vinculada a um suposto ataque hacker contra o sistema eleitoral para modificar os resultados das eleições. Ele afirmou, sem provas, que o "principal envolvido" no ataque era Lester Toledo dirigente do partido Vontade Popular que está exilado nos Estados Unidos.

"Junto a ele aparecem como envolvidos o fugitivo da Justiça venezuelana Leopoldo López e María Corina Machado", disse Saab. "Conseguiram pausar e desacelerar a leitura do boletim final dos resultados", continuou ele, afirmando que até a noite de domingo 17 pessoas foram detidas por descumprimento das normas durante as eleições, a maioria por "destruição de material eleitoral".

O presidente do CNE, Elvis Amoroso, referiu-se a uma suposta tentativa de interferência no sistema de transmissão de votos ao anunciar o resultado da contagem, que deu vitória a Maduro. O próprio Amoroso, um ex-controlador-geral da República e chavista veterano, afirmou que os ataques não tiveram sucesso em interferir nas informações.

Resultado contestado

Além do ataque hacker, a autoridade próxima ao regime chavista declarou que o Ministério Público observa com preocupação "o desconhecimento do resultado [da eleição] por um setor do radical com longo histórico de violência", acrescentando que o órgão vai monitorar "qualquer ato" que pretenda iniciar uma escalada de violência.

A oposição — assim como uma série de países estrangeiros, incluindo o Brasil — não reconheceu o resultado das eleições venezuelanas imediatamente. María Corina afirmou que uma contagem realizada com base nas atas recolhidas por seus apoiadores nos centros de votação apontavam uma larga vantagem de Edmundo González Urrutia, candidato de consenso da oposição pela Plataforma Unitária.

"Vencemos e todos sabem disso. Queremos dizer a toda a Venezuela e ao mundo que a Venezuela tem um novo presidente eleito e é Edmundo González Urrutia", disse María Corina em entrevista coletiva.

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Entre os opositores citados pelo procurador como supostos responsáveis pela tentativa de interferir na eleição, María Corina é a única que permanece na Venezuela, tendo participado de toda a campanha eleitoral e mobilizado multidões em comícios. Leopoldo López, que concorreu contra Hugo Chávez e é acusado de patrocinar uma tentativa de golpe contra o então presidente em 2002, vive exilado em Madri.

Em nota emitida nesta segunda-feira, o Itamaraty disse que o pleito no país vizinho ocorreu com "caráter pacífico" no domingo, mas declarou só reconheceria o resultado após a publicação pelo CNE de "dados desagregados por mesa de votação, passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito". Mais cedo, representantes dos Estados Unidos e de países da América e da Europa também cobraram a divulgação de todas as atas.

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