Encontro dos Brics em Kazan não deve aumentar o número de países do grupo (Alexander Nemenov / AFP)
Repórter colaborador
Publicado em 23 de outubro de 2024 às 09h22.
Venezuela e Nicarágua ficaram fora da lista de países que serão analisados pelo Brics como novos integrantes do bloco. O governo do presidente Lula não apoiava o ingresso de nenhum dos dois países. O Brasil vem registrando problemas diplomáticos com as duas nações.
Já Bolívia e Cuba serão analisadas por chefes de Estado do bloco em reunião ao longo desta quarta. Mas a probalidade de formalizar o convite para entrar no grupo é baixa.
O Kremlin descartou nesta terça-feira a possibilidade de ampliação dos Brics durante a cúpula de Kazan, citando as diferentes visões de seus países integrantes, que incluem Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul.
Os Brics são um grupo de países de economias emergentes originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia e China. A África do Sul entrou em seguida.Egito, Irã, Emirados Árabes e Etiópia, cujos líderes estão na capital tártara, juntaram-se ao grupo em 1º de janeiro. Arábia Saudita e Argentina também deveriam ter entrado no bloco neste ano, mas a primeira nunca confirmou sua decisão de entrar e a segunda retirou seu pedido no último minuto.
Outros países da 'lista prévia' são Argélia, Belarus, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
O "freio" às ambições de Venezuela e Nicarágua passam pelo Brasil. O Kremlin percebeu que dando aval para a candidatura dos dois países poderia contrariar o presidente Lula. Sobre a Venezuela, existe uma irritação porque Nicolás Maduro não apresentou as atas eleitorais comprovando que não houve fraude em sua reeleição. O venezuelano, aliás, apareceu de surpresa na Cúpula dos Brics para pressionar por sua entrada no bloco.
Sobre a Nicarágua, o Brasil está com a relação estremecida depois o governo local decidir expulsar o embaixador brasileiro Breno Souza da Costa pela sua ausência nas celebrações, em julho, dos 45 anos da Revolução Sandinista - o presidente nicaraguense, Daniel Ortega, é um ex-guerrilheiro do movimento. Em resposta, o governo Lula também expulsou a embaixadora da Nicarágua no Brasil, Fulvia Patricia Castro Matus.
Em abril, Lula decidiu congelar as relações com a Nicarágua por um período de um ano em retaliação à prisão de padres e bispos no país.