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Venezuela e Guiana: nos bastidores, governo brasileiro quer evitar conflito

Auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva temem que eventual conflito atraia Estados Unidos, Rússia e China

 (Antônio Cruz/Agência Brasil)

(Antônio Cruz/Agência Brasil)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 5 de dezembro de 2023 às 08h53.

O governo brasileiro acompanha com preocupação um eventual conflito entre  Venezuela e Guiana. O temor é de que uma guerra na América do Sul traga ainda mais problemas de ordem global em um mundo cada vez mais polarizado e fragmentado. Auxiliares do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmaram à EXAME que a tensão entre os dois países tem como pano de fundo a exploração de petróleo na região.

"As empresas que fazem extração de petróleo na Guiana são norte-americanas. Uma invasão da Venezuela colocaria os Estados Unidos no centro desse conflito. Somos favoráveis a uma solução pacífica. Do outro lado, a Venezuela tem apoio de China e Rússia", disse um técnico da Defesa.

Como mostrou a EXAME, o governo da Venezuela disse que mais de 95% dos eleitores do país votaram, em um plebiscito, a favor de que o país se aproprie de mais de metade do território da Guiana. A votação foi realizada neste domingo, 3, na Venezuela, e os próximos passos da questão ainda estão em aberto.

Aumento de efetivo brasileiro na região

O governo brasileiro também não permitirá que os venezuelanos façam qualquer tipo de invasão pelo território brasileiro.

Segundo um técnico da Defesa, o aumento de efetivo militar brasileiro presente na região, que subiu de 70 para 130 pessoas, foi mobilizado apenas para sinalizar que o país não permitirá uma invasão pelo território nacional.

"Esse efetivo ainda é pequeno, mas é uma sinalização importante. Já convivemos com uma crise humanitária na região. Mas o Brasil não pretende interferir em um eventual conflito", disse um auxiliar de Lula. "Quem entra para separar briga de bar também apanha."

Na semana passada, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, viajou a Caracas para tratar do assunto com Nicolás Maduro. A equipe de Amorim recebeu vídeos da campanha que preocuparam o Palácio do Planalto.

"Vamos continuar acompanhando os desdobramentos desse embate. Mais uma guerra no mundo seria péssimo", disse um técnico da Defesa.

No domingo, 2, o presidente Lula afirmou esperar “bom senso” dos países na questão. Em entrevista coletiva em Dubai, o presidente confirmou que tem medo de uma guerra na vizinhança e disse “se tem uma coisa que o que a América do Sul não está precisando agora é de confusão”.

"Tem um referendo, provavelmente o referendo vai dar o que o Maduro quer [anexar a Venezuela], porque é um chamamento ao povo para aumentar aquilo que ele entende que seja o território dele", afirmou Lula. "Só tem uma coisa que o mundo não está precisando. Se tem uma coisa que a América do Sul não está precisando agora é de confusão. Se tem uma coisa que precisamos para crescer e melhorar a vida do nosso povo é a gente baixar o facho, trabalhar com muita disposição de melhorar a vida do povo e não ficar pensando em briga. Não ficar inventando história. Espero que o bom senso prevaleça do lado da Venezuela e do lado da Guiana."

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