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Venezuela domina reunião do G20 na Argentina

Apesar de não constar da agenda oficial, situação venezuelana foi discutida em reuniões bilaterais e multilaterais nesta segunda (21) em Buenos Aires

Maduro: à parte do encontro, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, EUA e México protestaram contra "eleição ilegítima" na Venezuela (Ueslei Marcelino/Reuters)

Maduro: à parte do encontro, Argentina, Austrália, Canadá, Chile, EUA e México protestaram contra "eleição ilegítima" na Venezuela (Ueslei Marcelino/Reuters)

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AFP

Publicado em 21 de maio de 2018 às 21h18.

Os chanceleres do G20 trataram de assuntos-chave da agenda internacional em Buenos Aires, como a luta contra o terrorismo e as mudanças climáticas, além da situação da Venezuela, um dia após as controversas presidenciais da Venezuela, que reelegeram Nicolás Maduro.

Em duas sessões a portas fechadas na sede da Chancelaria, os ministro das vinte maiores economias do mundo discutiram posições a favor do multilateralismo, embora tenham destacado a necessidade de promover práticas comerciais mais justas, disse uma fonte diplomática.

Apesar de não constar da agenda oficial, a questão da Venezuela foi discutida em reuniões bilaterais e multilaterais nesta segunda-feira em Buenos Aires.

À margem da reunião, um grupo de países assinou uma declaração não reconhecendo os resultados das eleições presidenciais e anunciando que avaliam as sanções contra Caracas.

Argentina, Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos e México ressaltaram que "essa eleição ilegítima é uma demonstração clara do rompimento da linha democrática na Venezuela", segundo o texto.

"Nossos países consideram neste momento possíveis medidas políticas, diplomáticas e financeiras punitivas ao regime autoritário de Maduro, tentando não afetar o povo venezuelano, que é a primeira vítima desta ruptura da democracia venezuelana", disse o comunicado, lido para a imprensa pelo chanceler argentino, Jorge Faurie.

Maduro, no poder desde 2013, venceu as eleições deste domingo com 68% dos votos contra 21,2% do ex-chavista Henri Falcón, que sentiu que o processo carecia de "legitimidade".

O processo foi marcado por uma abstenção de 52%, após o boicote convocado pela oposição Mesa da Unidade Democrática (MUD), que considerou a eleição uma "farsa" para perpetuar Maduro no poder.

Segundo a declaração de Buenos Aires, "a solução para a crise da Venezuela deve ser alcançada de maneira pacífica e com o papel de liderança dos próprios venezuelanos".

Os ministros das Relações Exteriores também alertaram para o "alarmante agravamento da crise humanitária" na Venezuela e pediram ao governo de Maduro que "receba sem demora ajuda da comunidade internacional em alimentos e medicamentos, que são as necessidades essenciais do povo venezuelano neste momento".

Separadamente, o vice-secretário de Estado americano John Sullivan indicou que os Estados Unidos "continuarão a usar uma ampla gama de medidas econômicas e diplomáticas para impedir que o regime de Maduro destrua a democracia e a prosperidade da Venezuela".

Mais cedo, as eleições venezuelanas foram rechaçadas pelo Grupo de Lima, que reúne 14 países americanos, em meio ao crescente isolamento internacional de Maduro.

Futuro do emprego

À frente do G20 neste ano, a Argentina tentou demonstrar otimismo, apesar de ter acabado de sofrer um choque cambiário e negocia um auxílio financeiro do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Na abertura do cúpula neste domingo, o presidente Mauricio Macri havia dito reafirmado o compromisso da Argentina "com a cooperação internacional.

"Queremos representar toda a potencialidade desta região do mundo. É uma região de paz, que pode oferecer muitíssimo em matéria de segurança alimentar e segurança energética", disse o mandatário.

A reunião ainda serviu para um intercâmbio entre as duas maiores potências econômicas, Estados Unidos e China, que reiteraram seus desejos a favor de uma resolução de sua disputa comercial, dias depois de alcançar um princípio de acordo para reduzir o déficit comercial americano.

Os diplomatas também trataram o futuro do emprego - uma prioridade da presidência argentina do G20, que inclui aspectos de interesse crescente no mundo, como a precarização e o acesso das mulheres à força de trabalho.

O G20 de chanceleres se reunirá novamente em setembro para preparar a cúpula de mandatários no fim do ano. Não foi emitida uma declaração final.

Ao fim da reunião, Faurie concedeu uma coletiva de imprensa com seus colegas da Alemanha, Maas (pelo G20 anterior em Hamburgo), e do Japão, Taro Kono (pelo próximo G20, em Osaka).

Também participam da reunião os ministros de Relações Exteriores da China, Wang Yi; da Austrália, Julie Bishop; e Boris Johnson, secretário de Estado para Relações Exteriores do Reino Unido.

Entre os membros do G5, a França enviou o diretor-geral do Quai d'Orsay, Laurent Bili. A ministra de Exteriores búlgara, Ekaterina Zajárieva, representa a UE.

A Argentina é o primeiro país sul-americano a sediar uma cúpula de chefes de Estado do G20, de 30 de novembro a de dezembro.

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