Taiwan: a China considera ilha como parte de seu território (Tyrone Siu/Reuters)
AFP
Publicado em 9 de julho de 2019 às 10h25.
A China pediu nesta terça-feira (9) aos Estados Unidos que "anulem imediatamente" o projeto de venda de 2,2 bilhões de dólares em armas para Taiwan, uma nova escalada da tensão entre os dois países, imersos em uma guerra comercial.
"A China pede que os Estados Unidos (...) cancelem imediatamente este projeto de venda de armas a Taiwan e impeçam qualquer vínculo militar entre Taiwan e os Estados Unidos", disse Geng Shuang, porta-voz do ministério das Relações Exteriores, em entrevista coletiva.
O Congresso americano foi notificado desta venda, que incluiria 108 tanques Abrams M1A2T e cerca de 250 mísseis Stinger. Os legisladores americanos têm 30 dias para contestar, o que parece improvável.
"A venda de armas pelos Estados Unidos a Taiwan (...) viola seriamente o princípio de uma só China (...) interfere seriamente nos assuntos internos da China e prejudica seus interesses de soberania e segurança", disse Geng.
O governo chinês "expressou sua profunda insatisfação, bem como sua firme oposição, e já protestou oficialmente perante os Estados Unidos", acrescentou.
O porta-voz enfatizou a necessidade de evitar mais danos às relações entre a China e os Estados Unidos.
A iniciativa de venda acontece em meio a tensões entre Pequim e Washington, que travam uma guerra comercial desde o ano passado.
A China considera como parte do seu território a ilha de Taiwan, que não é reconhecida como um Estado independente pela ONU.
Washington, que rompeu relações diplomáticas com Taiwan em 1979 para reconhecer o governo de Pequim como o único representante da China, continua sendo o mais poderoso aliado da ilha e seu principal fornecedor de armas.
Esta não é a primeira vez que os Estados Unidos autorizam a venda de armas a Taiwan, e todas as vezes provoca a mesma reação da China.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tem procurado fortalecer os laços com Taiwan e parece mais disposto a vender armas ao território.
A venda proposta "contribuirá para a modernização da frota de tanques de batalha" e melhorará o seu sistema de defesa aérea, de acordo com um comunicado da Agência de Cooperação de Defesa de Segurança (DSCA), que faz parte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
Além disso, "apoiaria a política externa e de segurança nacional dos Estados Unidos, ajudando a melhorar a segurança e capacidade defensiva política" Taiwan, disse a DSCA.
A ilha é governada por um governo rival que se refugiou na ilha depois da tomada do continente pelos comunistas em 1949, no final da guerra civil chinesa.
Pequim ameaça usar a força se Taipei declarar formalmente a independência ou em caso de intervenção externa, principalmente dos Estados Unidos.
Taiwan seria superada em termos de número de tropas e poder de fogo em qualquer conflito com a China, e tem procurado atualizar o seu equipamento militar cada vez mais obsoleto, especialmente sua força aérea.
"Taiwan está na mira das ambições de expansão da China e enfrenta enormes ameaças e pressões de Pequim", declarou em um comunicado o ministério das Relações Exteriores de Taiwan.
"Esta venda de tanques M1A2 e vários mísseis vai ajudar muito a aumentar nossas capacidades defensivas", acrescentou.
Os tanques Abrams e mísseis Stinger, que são portáteis e podem ser rapidamente movidos por soldados no campo, aumentariam significativamente a capacidade de Taiwan numa possível invasão chinesa.
Os tanques M1A2 "são realmente confiáveis e vão se tornar uma parte essencial da nossa defesa terrestre" por sua capacidade de manobra, disse a repórteres Yang Hai-ming, general do Exército de Taiwan.
"Ter o M1A2 para substituir nossos tanques mais velhos aumentará de forma rápida e eficaz nossa capacidade de defesa", acrescentou.
A China aumentou significativamente a pressão diplomática e militar sobre Taipei desde que a presidente Tsai Ing-wen foi eleita em 2016.