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1. Democracia na América Latina
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1/13 (Sergio Lima/ABr/Fotos Públicas)
São Paulo - Instabilidade
política, crise econômica, desemprego, inflação, manifestações… Esses são alguns dos ingredientes que inflaram um longo processo de renúncias e
impeachments na América do Sul. De acordo com um levantamento do Centro de Estudios Nueva Mayoría, desde o impeachment do então presidente
Fernando Collor, em 1992, nossos vizinhos já viram dez presidentes serem obrigados a deixar o comando do país. A frequência de afastamentos na década de 1990 fez a América do Sul gerar desconfiança no exterior. Diziam que os países tinham substituído o golpe militar pelo impeachment. Embora internacionalmente houvesse a crítica de fragilidade política, o afastamento de Collor foi interpretado como amadurecimento da democracia, após o fim do regime militar. O professor de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) Thiago Gehre corrobora a tese de que os casos de afastamento de presidentes na América Latina mostram um fortalecimento da democracia na região. Ele destaca que isso ocorre pela herança de regimes ditatoriais. O impeachment de Dilma, para ele, entretanto, não se justifica. “Existe a possibilidade de aumentar a crise política e instabilidade social." Saiba o que levou os presidentes a seguir a serem apeados do cargo.
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2. Equador - Abdalá Bucaran (1997)
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2/13 (Wikimedia Commons)
Apelidado de El Loco, Bucaram foi afastado do cargo após o Congresso declarar que ele não tinha sanidade mental para permanecer no cargo. Não houve julgamento formal. Seis meses após ter sido eleito, ele enfrentou uma série de protestos populares contra as medidas de ajuste econômico. Houve aumento no preço do transporte e do gás. Para completar, uma pesquisa revelou em 52% da população queria a renúncia do presidente e foi decretada um greve geral que paralisou o país.
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3. Equador - Jamil Mahuad (2000)
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3/13 (Wikimedia Commons)
Um dos líderes das manifestações que ajudaram a derrubar Abdalá Bucaram, em 1997, Jamil Mahuad foi colocado em situação semelhante três anos depois. Com a economia em crise, o Equador, sob o comando de Mahuad, foi o primeiro país a não cumprir suas obrigações no pagamento de dívidas com os Estados Unidos. Jaime não renunciou, mas disse que foi obrigado a deixar a presidência pelas Forças Armadas. Para os deputados, ele “abandonou” o poder.
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4. Equador - Lucio Gutierrez (2005)
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4/13 (AFP/Rodrigo Buendia)
Gutierrez foi deposto em uma sessão que durou menos de uma hora. Em 2004, em uma das tentativas de tirá-lo do cargo, o pedido de impeachment foi arquivado. Em reação, o então presidente demitiu 27 dos 32 juízes do Supremo e nomeou outros favoráveis ao governo. Com isso, a oposição considerou que ele violou a Constituição. Os novos juízes anularam os pedidos de afastamento de Gutierrez e foi aberta uma onda de manifestações. Após intensos protestos, o Congresso o destituiu.
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5. Paraguai - Raúl Cubas (1999)
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5/13 (VEJA)
A trajetória de Cubas na presidência foi marcada pela fidelidade ao general Oviedo, que chegou a ser o cabeça da chapa, mas deixou a disputa após ter sido condenado a dez anos de prisão. No comando do país, Cubas perdoou a pena de Oviedo, o que foi considerado abuso de poder pela Câmara dos Deputados. Em meio a intensos pedidos de impeachment, o líder do bloco anti-Oviedo no Partido Colorado foi assassinado. As manifestações se intensificaram e Cubas perdeu todo apoio. Em 28 de março de 1999, Cubas renunciou e fugiu para o Brasil.
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6. Paraguai - Fernando Lugo (2012)
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6/13 (Jorge Adorno/Reuters)
Em menos de 36 horas, foi instaurado e concluído o processo de impeachment de Fernando Lugo. O caso iniciou após um confronto armado que deixou seis policiais mortos e 11 camponeses feridos. A reforma agrária era uma das bandeiras do governo dele, entretanto, ele teve dificuldades para executá-la. O Parlamento o considerou culpado por "mau desempenho".
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7. Bolívia - Gonzalo Sánchez de Lozada (2003)
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7/13 (Aizar Raldes/Getty Images)
Uma série de protestos, que deixou mais de 80 mortos em um mês, obrigou Gonzalo Sánchez de Lozada a renunciar à presidência da Bolívia. O político foi emparedado pelos sindicatos e oposição contra a exportação de gás natural para os Estados Unidos e o México por meio de um porto na costa do Chile. Ele foi acusado de favorecer os americanos. Após deixar o cargo, Lozada se exilou nos Estados Unidos e chegou a ser condenado por genocídio.
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8. Bolívia - Carlos Mesa (2005)
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8/13 (Divulgação/carlosdmesa.com)
Um cenário de intensa revolta popular pressionou o então presidente da Bolívia, Carlos Mesa, a renunciar ao cargo. Os manifestantes queriam a nacionalização do setor de gás e o cancelamento de contratos com multinacionais, como a Petrobras. A instabilidade política fez que ele entregasse a carta de renúncia após 17 meses no comando do país.
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9. Venezuela - Carlos Pérez (1993)
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9/13 (Reprodução Veja.com)
Em meio a uma crise social, repleta de manifestações, conhecidas como Caracazo, que questionava o pacote fiscal para contornar a dívida externa, Pérez foi alvo de duas tentativas de golpe. A condenação da Suprema Corte contra ele por enriquecimento ilícito e peculato, entretanto, foi a chave para instaurar o processo de impeachment. Julgado culpado pelo Senado, Pérez foi o primeiro e único presidente da Venezuela a ser impedido de terminar o mandato.
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10. Peru - Alberto Fujimori (2000)
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10/13 (Koichi Kamoshida/Getty Images)
A situação de Fujimori no comando do Peru se tornou inviável após a divulgação de um vídeo, no qual o ex-chefe de espionagem do país aparecia subornando um parlamentar. A população ficou escandalizada; Fujimori teve que demitir o funcionário e, em seguida, fugiu do Peru para o Japão.
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11. Argentina - Fernando de La Rua (2001)
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11/13 (©afp.com / Ho)
36 horas de violência policial, saques a supermercados e comércios, com protestos de milhares de pessoas nas ruas, levaram o então presidente da Argentina Fernando de La Rua a renunciar ao cargo. Os argentinos questionavam a política cambial do país, que gerou uma enorme recessão. Aumento da probreza e do desemprego foram os principais motivadores dos protestos.
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12. Brasil - Fernando Collor (1992)
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12/13 (Antônio Ribeiro/Veja)
Um dossiê com provas de que o tesoureiro da campanha de Collor, PC Farias, teria enriquecido ilicitamente, feito pelo irmão do então presidente, Pedro Collor, foi o argumento para a criação de uma CPI para investigar as denúncias. O caso, aliado à crise econômica, fez que milhares de brasileiros fossem às ruas questionar o presidente. A CPI concluiu que Collor sabia do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro de PC Farias. A Câmara abriu o processo de impeachment. Collor renunciou minutos antes de ser condenado pelo Senado.
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13. Agora confira: déjà vu político
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13/13 (REUTERS/Ueslei Marcelino)
Veja aqui a situação do Brasil com impeachment, CPMF e dólar a R$ 4