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Veja os possíveis cenários da crise política na Espanha

A oposição move uma monção de censura contra o presidente Mariano Rajoy, depois que seu partido foi condenado por corrupção

Rajoy: a principal força de oposição propõe seu líder, Pedro Sánchez, para substituir Rajoy (Paul Hanna/Reuters)

Rajoy: a principal força de oposição propõe seu líder, Pedro Sánchez, para substituir Rajoy (Paul Hanna/Reuters)

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AFP

Publicado em 28 de maio de 2018 às 16h01.

Última atualização em 28 de maio de 2018 às 16h02.

Uma moção de censura rejeitada, um governo socialista com uma instável "maioria Frankenstein", ou eleições antecipadas? Veja a seguir os principais cenários da crise política espanhola que ameaça o governo de Mariano Rajoy.

Uma moção bloqueada?

Apresentada na sexta-feira passada pelo Partido Socialista (PSOE), depois que o Partido Popular (PP) de Rajoy foi condenado em um grande processo por corrupção, a quarta moção de censura desde o restabelecimento da democracia, em 1977, terá dificuldades de alcançar a maioria absoluta indispensável de 176 votos. As três precedentes fracassaram.

O PSOE, principal força de oposição que propõe o seu líder Pedro Sánchez para substituir Rajoy, dispõe somente de 84 deputados dos 350 da Câmara dos Deputados.

Por enquanto, conta somente com o apoio do partido de esquerda radical (67 deputados) e deve convencer outras forças políticas no debate que acontecerá entre quinta e sexta-feira.

O partido liberal Cidadãos (32 deputados), que, segundo as pesquisas, está sendo bem visto, não tem nenhuma intenção de facilitar a chegada dos socialistas ao poder.

Assim, Sánchez terá que ir atrás dos votos dos pequenos partidos regionais, incluindo os separatistas catalães e os nacionalistas bascos.

Os mesmos independentistas catalães contra os quais o PSOE fez frente comum com o PP e o Cidadãos.

O novo presidente catalão, Quim Torra, já condicionou o apoio de seu grupo à libertação dos líderes separatistas em prisão preventiva.

Se a moção de censura fracassar, Rajoy se manteria no poder. Mas, ainda que "sobreviva ao voto, o país se afundará no bloqueio, já que o Cidadãos não estará disposto a continuar dando o apoio" necessário para o governo em minoria do PP, e a oposição poderia se ver tentada "a voltar a tentar tirar o chefe de Governo este ano", advertiu Antonio Barroso, do gabinete Teneo Intelligence.

Governo instável de Sánchez

Se, apesar de tudo, o PSOE conseguir uma "coalizão Frankenstein", será impossível governar com ela, previne o consultor político Ignacio Varela.

Os socialistas preveem convocar os espanhóis às urnas, mas somente depois de governar "alguns meses", detalhou uma de suas porta-vozes, a ex-ministra da Cultura Carmen Calvo.

Um tempo para "fazer modificações suficientes" em termos de salários, aposentadorias e educação, continuou. Tudo isso com o objetivo de aumentar sua popularidade depois de registrar em 2016 o pior resultado eleitoral de sua história recente.

Eleições imediatas?

É o que reclama o Cidadãos, que rejeita continuar apoiando o governo de Rajoy ou apoiar a moção socialista.

Seu líder, Albert Rivera, que declarou que "a legislatura está liquidada pela condenação por corrupção", se mostrou nesta segunda-feira disposto a debater com Rajoy uma "saída ordenada" fixando "data e hora" para novas eleições, que, em sua visão, deveriam ser convocadas para o outono (Hemisfério Norte).

Caso contrário, seu partido de centro direita é a favor de um "plano B", que consistiria em uma nova moção de censura, mas com um "candidato independente" ao invés de Sánchez, que faria aprovar definitivamente o orçamento de 2018, contra o qual os socialistas votaram, e convocar eleições.

O Cidadãos não tem os 35 deputados necessários para apresentar sua própria moção de censura.

Mas essas eleições antecipadas são resistidas pelos nacionalistas bascos do PNV, que temem a chegada ao poder de um partido como o Cidadãos, disposto a reduzir os privilégios do País Basco.

As eleições seriam "um despropósito que daria ao Cidadãos a situação de bandeja e não resolveria nada", explicou no domingo o presidente do PNV, Anodni Ortuzar.

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