A saúde do papa Francisco "melhora progressivamente" depois que o pontífice passou a noite no hospital Gemelli, de Roma, onde "leu alguns jornais e voltou ao trabalho", anunciou nesta quinta-feira, 30, a Secretaria de Imprensa do Vaticano.

"Sua Santidade, o papa Francisco, descansou bem durante a noite. O quadro clínico melhora progressivamente, e os tratamentos previstos continuam. Esta manhã, depois do café da manhã, leu alguns jornais e voltou ao trabalho", afirmou em um comunicado o porta-voz do pontífice, Matteo Bruni.

Francisco, de 86 anos, está internado desde quarta-feira, 29, com uma "infecção respiratória". As audiências previstas para quinta e sexta-feira foram canceladas para receber tratamento adequado, segundo a Santa Sé.

"Antes do almoço, ele foi à capela do apartamento privado, onde se recolheu em oração e recebeu a Eucaristia", relata o comunicado oficial.

O pontífice está no 10º andar do hospital romano, totalmente reservado para os papas e apelidado de "Vaticano 3" pelas sete vezes em que esteve internado João Paulo II, falecido em 2005.

O anúncio da inesperada hospitalização de Francisco levantou fortes dúvidas sobre o real estado de saúde do primeiro papa latino-americano da história, que, nos últimos dias, vinha se queixando de dificuldades respiratórias.

Aos 86 anos, papa Francisco preocupa por sua saúde frágil

Aos 86 anos de idade, o papa Francisco, que usa cadeira de rodas há quase um ano e passou por uma delicada cirurgia de cólon em julho de 2021, despertou preocupação sobre sua saúde frágil após ter sido internado na quarta-feira (29) por uma infecção respiratória.
Seu estado de saúde piorou devido a uma artrite no joelho direito, doença para a qual não há informação oficial e que descartou ser operado, por aconselhamento médico.

Durante quase uma década, o mundo soube de seus diversos problemas de saúde pelo fato de sofrer de uma dor ciática crônica que o força a mancar, motivo pelo qual teve que renunciar a cerimônias oficiais em algumas ocasiões e adiar viagens.

No entanto, Francisco mancava mais por causa de um pé chato do que pelas dores no ciático, de acordo com o médico e jornalista argentino Nelson Castro no livro "A Saúde dos Papas".

Perto da morte

Aos 21 anos, o pontífice quase morreu de pleurisia, segundo seu biógrafo Austen Ivereigh, e, por isso tiveram que retirar alguns cistos de seu pulmão em 1957.

Francisco relembrou o episódio e confessou que entendia como se sentiam as pessoas que contraíam o coronavírus.

"Eles têm que lutar para respirar através de respiradores artificiais", enfatizou.

Em janeiro de 2021, o papa argentino foi vacinado contra a covid-19.

Seus problemas de saúde enquanto ainda era arcebispo de Buenos Aires o fizeram ir a um acupunturista chinês para tratar as dores nas costas, contou seu biógrafo ao jornal The Tablet Catholic.

Além disso, ele também sofria de "cálculos na vesícula biliar" e, em 2004, teve um problema cardíaco "temporário" devido a um ligeiro estreitamento de uma artéria. Já seus problemas hepáticos foram resolvidos com uma mudança na dieta.

Bach e mate

Líder dos jesuítas durante a brutal ditadura argentina dos anos 1970, o papa também teve que recorrer ao apoio psicológico, com consultas uma vez por semana durante seis meses para lidar com sua ansiedade.

Posteriormente contou que ele trata a condição ouvindo o pianista Bach ou tomando mate, bebida típica da Argentina.

Seus hábitos noturnos também são bem delimitados. Vai para a cama às 21h, onde lê por cerca de uma hora antes de suas seis horas de sono.

Levanta-se por volta das 4h da manhã e sempre tira uma soneca de 45 minutos após o almoço.

Operação de cólon

Em julho de 2021, ele foi submetido a uma cirurgia para estenose diverticular envolvendo uma hemicolectomia esquerda, sob anestesia geral. A intervenção cirúrgica retirou uma parte do cólon para diminuir os problemas causados pelos divertículos — pequenas hérnias na parede do intestino.

Em entrevista concedida em janeiro, ele deu a entender que os problemas do cólon haviam voltado.

Francisco é conhecido por falar "livre e transparentemente" sobre seus problemas de saúde, tanto físicos quanto psicológicos. Apesar disso, o Vaticano continua mantendo o sigilo habitual, dando atualizações sobre o papa de forma vaga, o que gera dúvidas e questionamentos sobre suas reais condições de saúde.