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Vaticano proíbe hóstia sem glúten

Hóstias de arroz, mandioca ou fubá (que existem aqui no Brasil, por exemplo) não podem ser usadas na eucaristia

Hóstia: documento do Vaticano reitera a necessidade do pão ázimo ser feito de trigo e não poder ser totalmente livre de glúten (iStock/Thinkstock)

Hóstia: documento do Vaticano reitera a necessidade do pão ázimo ser feito de trigo e não poder ser totalmente livre de glúten (iStock/Thinkstock)

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Da Redação

Publicado em 12 de julho de 2017 às 10h58.

Última atualização em 12 de julho de 2017 às 12h16.

Uma carta do Vaticano endereçada aos bispos de todo o mundo proibiu a utilização de hóstias sem glúten em missas católicas.

A Igreja defende que esse tipo de hóstia não é apropriada para a Eucaristia, parte da celebração em que o pão e vinho são consagrados e transformados no corpo e sangue de Cristo.

A nota, assinada pelo cardeal Robert Sarah, prefeito da Congregação para Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, foi veiculada no dia 15 de junho – mas ganhou destaque depois de um pronunciamento feito na Rádio do Vaticano no último sábado (8).

O documento reitera a necessidade do pão ázimo (que não passou pelo processo de fermentação) ser feito de trigo e não poder ser totalmente livre de glúten – uma forma de manter a “natureza do pão”.

Qualquer outro cereal até pode aparecer em sua composição, mas apenas em quantidade insignificante. O acréscimo de outros produtos como frutas, açúcar e mel foi tratado como “um abuso grave”.

O texto também faz considerações em relação ao procedimento ideal para com o vinho. Ele deve vir exclusivamente da uva “do fruto da videira, puro e incorrompido”, e ser guardado de forma adequada.

Destaca-se também que o suco de uva fresco ou conservado, desde que não tenha passado pelo processo de fermentação, tem uso liberado para fins eucarísticos.

É reforçada também o papel dos líderes católicos em garantir a integridade dos materiais utilizados. Isso tem importância uma vez que a produção do pão e do vinho, antigamente feita nas próprias comunidades religiosas, passou a ser terceirizada – comprada “também em supermercados e na internet”.

Apesar dessas determinações serem práticas já existentes e registradas por documentos oficiais do Vaticano em 2003 e 2004, o “puxão de orelha” visa conter intervenções que vem ganhando força com líderes católicos locais – inclusive no Brasil.

Um exemplo foi a iniciativa de uma paróquia de Ponta Grossa, no interior do Paraná, que ganhou repercussão no começo do ano. Além da hóstia tradicional, feita com farinha de trigo, a comunidade passou a oferecer alternativas com arroz, fécula de mandioca e até fubá, para não excluir os fiéis celíacos da celebração da ceia.

Em países como EUA e Espanha, era comum a prática de garantir a participação de quem é intolerante ao glúten apenas com a ministração do vinho.

Para quem tem doença celíaca, sensibilidade ou alergia ao glúten, alimentos que possuem a proteína são sinônimo de sintomas como dores agudas no estômago, diarreia, vômitos e enjoos. Estas pessoas acabam tendo que obedecer dietas restritas, já que mesmo pequenas quantidades de glúten podem contribuir para o desenvolvimento de problemas digestivos severos.

Uma fatia fina de pão francês – ou uma hóstia – já podem possuir os 20 mg por quilo de alimento, teto comum para as intolerâncias mais severas.

Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.

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