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Vaticano nega atuação do papa em ditadura argentina

Segundo o Vaticano, as acusações "não têm base, provêm de uma esquerda anticlerical para atacar a Igreja e não há motivos para lançar sombras sobre a figura de Francisco"


	Papa Francisco: Francisco se reuniu hoje (15) com os cardeais, que chamou de "irmãos", em vez do tradicional "senhores cardeais", e aos quais estimulou a "não cair" no pessimismo.

Papa Francisco: Francisco se reuniu hoje (15) com os cardeais, que chamou de "irmãos", em vez do tradicional "senhores cardeais", e aos quais estimulou a "não cair" no pessimismo.

DR

Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

Cidade do Vaticano - O Vaticano denunciou nesta sexta-feira uma campanha difamatória contra o papa sobre sua atuação durante a ditadura argentina e assegurou que as acusações "não têm base, provêm de uma esquerda anticlerical para atacar a Igreja e não há motivos para lançar sombras sobre a figura de Francisco".

Foi o que manifestou o porta-voz vaticano, Federico Lombardi, na mesma manhã em que o papa Francisco recebeu todos os cardeais, que estimulou a "não cair" no pessimismo e encontrar todos os dias o valor de levar o Evangelho a todos os cantos do mundo.

"A campanha contra Jorge Maria Bergoglio é bem conhecida e remonta a vários anos atrás. Quem está fazendo é uma publicação caracterizada por campanhas às vezes caluniosas e difamatórias. A matriz anticlerical dessa campanha e de outras acusações contra Bergoglio é notória e evidente", disse Lombardi.

O porta-voz relatou que as acusações se referem à época em que o agora papa não era nem sequer bispo, mas superior dos Jesuítas na Argentina e assevera que não protegeu dois padres que foram sequestrados durante a ditadura.

"Nunca houve uma acusação concreta, crível, contra ele. A justiça argentina o interrogou uma vez, mas como pessoa informada dos fatos, e jamais foi acusado por algo", ressaltou o porta-voz, que acrescentou que o mesmo papa já negou, "de forma documentada", as acusações.

Lombardi disse, ainda, que Bergoglio "fez muito para proteger as pessoas durante a ditadura" e, uma vez nomeado arcebispo de Buenos Aires, "pediu perdão em nome da Igreja por não ter feito o bastante durante esse período".


"As acusações devem ser rechaçadas com firmeza", acrescentou.

Dois dias depois de ser eleito papa, Francisco se reuniu hoje com os cardeais, que chamou de "irmãos", em vez do tradicional "senhores cardeais", e aos quais estimulou a "não cair" no pessimismo e encontrar todos os dias o valor de levar o Evangelho a todos os cantos da terra.

"Nossa missão é levar Jesus ao homem e dirigir o homem ao encontro de Jesus, realmente presente na Igreja. Jamais cedamos ao pessimismo, a essa amargura que o diabo nos oferece a cada dia. Não há espaço para o pessimismo ou o desalento", disse o papa, que quase caiu ao tropeçar quando se dirigia para cumprimentar o decano, o cardeal Angelo Sodano.

Francisco também expressou sua vontade de servir ao Evangelho "com renovado amor e ajudando a Igreja a se transformar mais em Cristo e com Cristo".

O bispo de Roma afirmou que a realidade cristã é "atrativa e persuasiva" e ressaltou que Cristo é o "único salvador de todos os homens".

Olhando para os cardeais, Francisco disse: "ânimo, mais da metade de nós" somos idosos, mas a velhice é a sede da sabedoria da vida".

"Doemos essa sabedoria aos jovens, como o bom vinho, que com a idade melhora. A velhice é tempo da tranquilidade e de prece".

Francisco também teve palavras para Bento XVI, que disse que enriqueceu a Igreja com seu magistério de fé, humildade e docilidade.

"Seu magistério permanecerá como um patrimônio espiritual para todos. O Ministério petrino vivido com total dedicação, teve nele um intérprete paciente e humilde", acrescentou Francisco.


O novo papa foi apoiado com um grande aplauso pelos cardeais. Usava o crucifixo que sempre usou, prateado, e não o tradicional de ouro dos papas, e sapatos pretos.

Cumprimentou um por um todos os cardeais, em um ambiente de riso e alegria, como uma reunião entre amigos.

Lombardi contou que nesses dias em que continua hospedado na Casa Santa Marta, se senta para comer com os cardeais na mesa onde houver um lugar livre.

O Vaticano divulgou hoje as imagens de quando o papa tomou ontem posse de seu apartamento no Vaticano. Como estabelece a legislação, o local estava lacrado desde a renúncia de Bento XVI, em 28 de fevereiro.

O pontífice se mudará de lá assim que estiverem prontos os trabalhos de restauração, de praxe. No entanto, no domingo rezará o Ângelus, o primeiro de seu pontificado, da sacada do apartamento, que dá para a Praça de São Pedro.

Lombardi informou também que Francisco oficiará na Quinta-Feira Santa a Missa do Jantar do Senhor na Basílica de São Pedro do Vaticano e não na Basílica de São João de Latrão de Roma, como é tradição.

Isso porque na data o papa ainda não terá tomado posse da Basílica de São João Latrão, que é a catedral da Cidade Eterna. EFE

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