Mundo

Vaticano faz apelo para Trump reconsiderar posição sobre clima

Papa Francisco tem feito da defesa do meio ambiente um dos pilares de seu papado

Papa Francisco e o Vaticano vêm apoiando com entusiasmo o Acordo de Paris (Tony Gentile/Reuters)

Papa Francisco e o Vaticano vêm apoiando com entusiasmo o Acordo de Paris (Tony Gentile/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 30 de março de 2017 às 12h09.

Roma - O Vaticano exortou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a ouvir as "vozes discordantes" e reconsiderar sua posição sobre a mudança climática nesta quinta-feira, dizendo que os EUA correm o risco de ser suplantados pela China na liderança da proteção ambiental.

O papa Francisco tem feito da defesa do meio ambiente um dos pilares de seu papado, apoiando com firmeza a opinião científica segundo a qual o aquecimento global é causado principalmente pela atividade humana.

"Isso é um desafio para nós", disse o cardeal Peter Turkson, o indicado do papa para as questões de meio ambiente, imigração e desenvolvimento, quando indagado sobre o decreto presidencial de Trump que reverteu as regulações climáticas de seu antecessor, Barack Obama, e suas políticas imigratórias.

"Felizmente, nos Estados Unidos, há vozes discordantes, pessoas que são contra as posições de Trump", disse Turkson, que é de Gana e foi um dos maiores instigadores da encíclica papal de 2015 sobre a proteção ambiental.

"Isso, para nós, é um sinal de que, aos poucos, outras posições e vozes políticas irão emergir, e por isso esperamos que o próprio Trump reconsidere algumas de suas decisões", disse Turkson aos repórteres durante um café da manhã.

O papa e o Vaticano, que tem relações diplomáticas com mais de 180 países e o status de observador permanente na Organização das Nações Unidas (ONU), vêm apoiando com entusiasmo o Acordo de Paris, pacto internacional dedicado a conter a elevação das temperaturas globais.

"Nós, como igreja, temos muita esperança de que (as posições de Trump) irão mudar", afirmou Turkson.

Depois que Trump assinou o decreto na terça-feira, cumprindo a promessa de campanha de fortalecer a indústria carvoeira dos EUA, nações lideradas pela China e pela União Europeia reafirmaram seu compromisso com o pacto de Paris, que Trump ameaçou abandonar.

A China, que no passado combateu tentativas de governos estrangeiros para limitar as emissões de carbono, tornou-se uma defensora aguerrida dos esforços de contenção do aquecimento global.

"Embora Trump esteja indo na direção oposta, existe outra grande potência no mundo, a China, que está dando sinais diferentes, como se a América estivesse criando um vácuo que a China está preenchendo", afirmou Turkson.

Ele disse que o Vaticano torce para que as posições da China "provoquem uma reavaliação das posições de alguns países, neste caso os Estados Unidos".

Acompanhe tudo sobre:ClimaDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Igreja CatólicaMudanças climáticasPapa Francisco

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA