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Vaticano exorta críticos de abusos a não ficarem no passado

Igreja disse que desenvolveu políticas exemplares de proteção à criança na última década


	Vista do Vaticano: Igreja diz que aqueles que acusam a Igreja não devem ficar "fossilizados no passado", quando as atitudes eram diferentes
 (Tiziana Fabi/AFP)

Vista do Vaticano: Igreja diz que aqueles que acusam a Igreja não devem ficar "fossilizados no passado", quando as atitudes eram diferentes (Tiziana Fabi/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2014 às 17h56.

Genebra - O Vaticano disse aos críticos do seu histórico de abusos sexuais nesta terça-feira que desenvolveu políticas exemplares de proteção à criança na última década e que aqueles que acusam a Igreja não devem ficar "fossilizados no passado", quando as atitudes eram diferentes.

Dirigindo-se ao Comitê das Nações Unidas sobre Tortura, o embaixador papal em Genebra admitiu que, no passado, a Igreja Católica Romana protegeu padres que molestaram menores, mas que não o faz há anos por ter entendido melhor a questão.

O arcebispo Silvano Tomasi respondia a perguntas do comitê, que o pressionou a respeito do histórico do Vaticano na segunda-feira e pediu um sistema de investigação permanente para pôr fim ao que chamou de "clima de impunidade" dentro da Igreja.

Após a audiência de segunda-feira, grupos que representam vítimas de abuso sexual clerical disseram que padres predadores ainda estão sendo transferidos para outras paróquias, às vezes de outros países, para protegê-los de possíveis acusações criminais.

Referindo-se a essa acusação, Tomasi disse: "Não devemos ficar fossilizados no passado". A "cultura do tempo" nos anos 1960 e 1970 via tais infratores como pessoas que podiam ser tratadas psicologicamente, e não como criminosos, disse.

"Infelizmente, isso foi um erro, como a experiência mostrou. Temos que valorizar a evolução da cultura e... o enorme trabalho que foi feito em 10 anos por uma instituição chamada Igreja Católica".

A fundadora e presidente da Rede de Sobreviventes das Vítimas de Abuso de Padres (SNAP, na sigla em inglês), Barbara Blaine, acusou Tomasi de se esquivar ao afirmar que a Igreja simplesmente seguiu a visão corrente dos especialistas décadas atrás.

"Isso é absurdo. Todos sabiam que estuprar crianças era um crime, isso deveria ter sido delatado à polícia", afirmou ela.

"Eles não estão se comprometendo a retirar os predadores sexuais do sacerdócio ou do ministério. Não estão punindo os bispos que ocultam e acobertam os crimes sexuais".

O escândalo de abusos sexuais assombra a Igreja há mais de duas décadas, mas assumiu grande dimensão nos Estados Unidos cerca de 10 anos atrás. Desde então, também desgraçou Igrejas na Irlanda, Alemanha, Bélgica, Holanda e outros países, maculando a imagem da instituição.

Outro comitê da ONU, que analisa o cumprimento de uma convenção de direitos das crianças, acusou o Vaticano em fevereiro de fazer vista grossa sistematicamente a décadas de abuso e de tentar acobertar crimes sexuais cometidos por padres.

O Vaticano classificou o relatório de injusto e tendencioso, mas a sua delegação pareceu mais bem preparada para as perguntas desta vez, e a sessão de três horas transcorreu sem polêmicas.

Em seus comentários finais, Tomasi chamou o abuso sexual de crianças de "praga e flagelo mundial" que a Igreja vem combatendo efetivamente nos últimos 10 anos.

Ele disse que um total de 3.420 acusações críveis de abusos sexuais cometidos por sacerdotes havia sido encaminhado ao Vaticano nos últimos 10 anos e que 824 clérigos foram excomungados.

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