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Vaticano descarta investigação de envolvidos em vazamento

Sobre a posição de Bento XVI quanto ao caso, o porta-voz disse que o papa está triste e consciente da gravidade, mas enfrenta o caso "com serenidade"

Até agora, o único preso foi o mordomo do papa (Vincenzo Pinto/AFP/AFP)

Até agora, o único preso foi o mordomo do papa (Vincenzo Pinto/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2012 às 18h49.

Cidade do Vaticano - O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, informou nesta segunda-feira que nenhum cardeal ou mulher estão sendo investigados pelo vazamento de documentos secretos da instituição e disse que o papa foi informado sobre tudo.

"Nenhum cardeal, italiano ou estrangeiro, está sendo investigado, assim como nenhuma mulher. O que estão contando é pura fantasia", falou Lombardi a jornalistas. A declaração do porta-voz se refere à informação publicada nesta segunda pela imprensa italiana, que informava a participação de uma mulher, acompanhante do papa em viagens internacionais, e de um cardeal italiano no vazamento.

Além disso, o porta-voz classificou como "muito exagerado e sem fundamentos" as informações da imprensa sobre o roubo de documentos e vazamento aos meios de comunicação que, supostamente, esconde uma luta entre facções contrárias ao atual secretário de Estado, Tarcisio Bertone, pelo poder.

Lombardi também disse que o mordomo de Bento XVI, Paolo Gabriele, de 46 anos, preso na última quarta-feira pelo roubo desses documentos, está disposto a colaborar com a Justiça vaticana. O porta-voz informou que o mordomo continua preso, foi à missa no domingo e recebeu a visita de seu advogado, Carlo Fusco.

Sobre a posição de Bento XVI quanto ao caso, o porta-voz disse que o papa está triste e consciente da gravidade, mas enfrenta o caso "com serenidade". Até agora, o único preso foi o mordomo do papa. "É uma situação dolorosa, tanto por causa Paolo como pela imagem negativa da Igreja e da Santa Sé", disse Lombardi.

O advogado do mordomo confirmou a colaboração do preso com a Justiça. "Gabriele declarou ao juiz que oferecerá a mais ampla colaboração uma vez que eu e a outra advogada de defesa, Cristina Arru, tenhamos estudado bem o caso", escreveu Fusco.


Fusco expressou surpresa com as informações publicadas na imprensa sobre ter sido encontrado na casa do mordomo "caixas de documentos e aparatos para fotografar ou reproduzir cartas". Segundo o advogado, alguns jornalistas dizem ter acesso a esses elementos do processo, mas disse que ele ainda não foi informado.

Lombardi ainda informou que o fato da comissão cardeal, criada pelo papa para investigar o vazamento de documentos secretos questionar diferentes pessoas, "não significa que sejam suspeitos". A comissão de cardeais prosseguiu nesta segunda as investigações e, segundo Lombardi, prolongará seus interrogatórios pelo tempo que julgar necessário e não será influenciada pela pressão midiática.

Segundo fontes vaticanas, as investigações se concentram agora em averiguar se Gabriele atuou só ou foi auxiliado por outros infiltrados, que tiveram acesso a documentos secretos enviados a Bento XVI e seu secretário, Georg Gänswein, publicados na televisão italiana "A 7" e no jornal "Il Fatto Quotidiano" e reunidos no livro "Sua Santidade", do jornalista Gianluigi Nuzzi.

Nesta segunda, o jornal "La Repubblica" publicou uma entrevista com um suposto infiltrado que garantiu que as ações têm como objetivo proteger Bento XVI das disputas internas no Vaticano e confirmou o envolvimento de mais pessoas no vazamento.

A suposta pessoa infiltrada ainda informou que a destituição do presidente do Banco do Vaticano (IOR), Ettore Gotti Tedeschi, ocorreu por causa de "ciúmes" de Bertone, pelo fato de só ele acompanhar as atividades do papa.

Perguntado se a destituição de Gotti Tedeschi e a detenção de Gabriele estão relacionadas, o porta-voz disse que são casos diferentes. 

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