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Vaticano busca amenizar tensão com ONU após relatório

Relatório acusou a Igreja de encobrir casos de abuso sexual de crianças por padres


	Porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi: padre adotou um tom claramente mais suave em relação às críticas duras feitas pelo Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança
 (Andreas Solaro/AFP)

Porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi: padre adotou um tom claramente mais suave em relação às críticas duras feitas pelo Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança (Andreas Solaro/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 15h15.

Roma - O Vaticano buscou amenizar a tensão com a Organização das Nações Unidas nesta sexta-feira, depois do relatório que acusou a Igreja de encobrir casos de abuso sexual de crianças por padres.

O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, adotou um tom claramente mais suave em relação às críticas duras feitas na quarta-feira pelo Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança.

O relatório do comitê acusou a Igreja de dar mais importância a sua reputação do que aos direitos das crianças e reivindicou que o Vaticano entregue os agressores suspeitos à Justiça.

O Vaticano planejou inicialmente se silenciar, de acordo com uma pessoa familiar com o tema, mas atacou as exigências do relatório de que a Igreja deveria reduzir a sua oposição ao aborto, à contracepção e à homossexualidade.

A troca de farpas deu a impressão de que a Igreja e as Nações Unidas poderiam ter o seu maior conflito em décadas, mas Lombardi disse que não havia racha com a organização internacional.

"Não é o caso que está havendo um confronto entre a ONU e o Vaticano", afirmou ele, em comunicado. "A Santa Sé sempre deu um forte apoio moral às Nações Unidas." Apesar disso, Lombardi repetiu as críticas iniciais do Vaticano ao relatório, dizendo que o documento era injusto e tendencioso.

Ele declarou que a inclusão dos comentários sobre aborto, contracepção e homossexualidade foram além da alçada do comitê e significaram uma tentativa de interferir nos ensinamentos da Igreja e na liberdade religiosa.

O último grande choque entre as duas instituições foi em 1994, quando o Vaticano forçou as Nações Unidas a recuar numa proposta para aprovar o aborto como meio de controle da natalidade, numa conferência no Cairo.

A revolta com o abuso de crianças por clérigos tem atingido a Igreja por mais de uma década, com processos levando dioceses à falência.

Eleito em 2013, o papa Francisco chama os abusos de "a vergonha da Igreja". Ele prometeu continuar com as medidas para lidar com o problema, iniciadas pelo seu antecessor, Bento 16.

Francisco anunciou em dezembro que formaria um comitê para assessorá-lo sobre o tema, mas ainda não nomeou os integrantes do conselho. O relatório das Nações Unidas aumenta a pressão para que o papa tome iniciativas.

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