Estudadantes pegam o ônibus escolar na Kratzer Elementary School em Allentown, Pensilvânia, EUA (Hannah Beier/Reuters)
Reuters
Publicado em 2 de agosto de 2021 às 14h50.
Em abril, quase um ano depois de ter sido demitida de sua empresa do setor hoteleiro devido à pandemia, Sara Gard ainda estava se adaptando ao novo emprego em serviços financeiros, que ela conciliava com as aulas remotas da filha.
Então, quando a escola de sua filha de seis anos, ao norte de Atlanta, Geórgia, deu aos pais a opção de escolher aulas presenciais para seus filhos assim que o novo ano letivo começasse, em agosto, Gard se inscreveu e se sentiu bem com sua decisão.
Isto é, até um recente aumento nos casos de Covid-19 causados pela variante Delta, que é altamente transmissível. O uso de máscaras no distrito escolar é altamente recomendado, mas não obrigatório, e sua filha é muito jovem para ser vacinada. Gard agora passa noites em claro reconsiderando a decisão.
Se ela decidir deixar sua filha estudando online - o que ainda está em oferta - terá de ceder em algo. O emprego de seu marido é em um hospital e o empregador de Gard, com quem ela começou a trabalhar em novembro do ano passado, quer que ela passe mais dias no escritório. "Não é sustentável para mim ou para meu marido", disse Gard, de 40 anos. "O estresse está me matando."
As expectativas de uma rápida recuperação econômica nos Estados Unidos dependem em grande parte de mais trabalhadores em empregos assim que as aulas presenciais voltarem neste outono do hemisfério norte. Mas a variante Delta pode prejudicar essas expectativas caso os pais, especialmente as mulheres, permaneçam ou forem forçados a ficar em casa.
"Você pode imaginar as escolas decidindo esperar um mês ou dois até que a onda (da variante) Delta passe. Não estou dizendo que vai acontecer, mas é fácil imaginar isso. Também é fácil imaginar que algumas pessoas podem dizer que vão apenas esperar alguns meses antes de voltar ao trabalho", disse o chair do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira.
"Se as escolas não forem abertas, os responsáveis terão que ficar em casa e se as pessoas não voltarem para a força de trabalho, o crescimento do emprego não será tão forte."
A recuperação do emprego tem sido notavelmente irregular para as mulheres, que sofreram uma parcela maior das perdas de empregos no início da pandemia.
Muitas haviam retornado à força de trabalho durante o verão do hemisfério norte, mas em agosto e setembro do ano passado mais de 1 milhão de mulheres com 20 anos ou mais deixaram a força de trabalho, já que a maioria das escolas reabriu apenas para o ensino online e as crianças ficaram em casa.
Neste ano, as mulheres voltaram à força de trabalho em maior número do que os homens, acompanhando o aumento do ensino presencial com o passar do ano letivo e a reabertura de uma série de indústrias nas quais elas possuem grande representação. Agora, a incerteza em torno da frequência escolar arrisca limitar esse ímpeto.
Conforme as escolas se preparam para a reabertura, as proteções variam amplamente. A Califórnia e seis outros Estados exigem que todas as crianças usem máscaras nas escolas, assim como muitas cidades grandes, incluindo Boston e Chicago, de acordo com dados compilados pelo site de rastreamento Burbio.
No Texas e em sete outros Estados, responsáveis por 25% das crianças em idade escolar, as escolas não podem exigir máscaras.
"É absolutamente uma preocupação à medida que avançamos para o próximo ano letivo o fato de termos essa variante mais contagiosa e este ser um grupo de indivíduos que ainda não está elegível para a vacinação", disse o Dr. Sean O'Leary, pediatra especialista em doenças infecciosas da Universidade do Colorado, Anschutz Medical Campus e vice-chair do Comitê de Doenças Infecciosas da Academia Americana de Pediatria.