Mundo

Varejo lidera na economia verde

Durante palestra em SP, professor da London School of Economics elogiou adoção de medidas ecológicas pelo setor

Varejo se destaca com iniciativas que estimulam o consumo consciente.  (.)

Varejo se destaca com iniciativas que estimulam o consumo consciente. (.)

DR

Da Redação

Publicado em 11 de novembro de 2013 às 15h44.

São Paulo - Vencer a pobreza e gerenciar as mudanças climáticas. São esses os principais desafios que o mundo terá de enfrentar nas próximas décadas, para dar conta da enorme responsabilidade planetária diante do aquecimento global.

A previsão é do economista britânico lorde Nicholas Stern, estrela máxima do Fórum de Varejo 2010, promovido pelo Walmart Brasil ontem, na Federação do Comércio, em São Paulo. Professor da London School of Economics, onde preside o Instituto de Pesquisa Grantham sobre Alterações Climáticas e Meio Ambiente, Stern produziu em 2006 um relatório de repercussão mundial por ter sido o primeiro a mensurar os riscos, as perdas e os custos decorrentes do aumento desenfreado dos gases de efeito estufa.

Em sua palestra, o professor britânico, que também foi economista chefe do Banco Mundial, conclamou o setor privado a pressionar os governos - quase todos padecendo de uma "visão míope" -  por políticas públicas que promovam e estimulam a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologia "verde". As mais necessárias voltadas para uma taxação maior para grandes emissores de CO2, de maneira a incentivar, com esses impostos excedentes, descobertas e novos empreendedores.

Segundo ele, apesar de ainda ser arriscado investir em produtos de baixa emissão de carbono, é preciso pensar a longo prazo, com foco na próxima década, nas oportunidades que estarão abertas "por toda a parte", em mercados  "de trilhões de dólares". "As pessoas - sejam funcionários, fornecedores ou clientes - estão cada vez mais interessadas em produtos verdes e em empresas responsáveis. Daqui para a frente a reputação da marca terá maior valor tangível", argumentou.

Stern elogiou as iniciativas do Walmart em melhorar processos, aperfeiçoar serviços e conscientizar clientes e consumidores da importância dessa cruzada em favor da sustentabilidade. "Mais do que o discurso, é pelo poder do exemplo que conseguiremos avançar mais rapidamente em direção a essa nova revolução industrial".

O economista alertou sobre o alto preço que os países já vem pagando com uma pequena variação de temperatura (um aumento de 0,8%), como as recentes inundações no Paquistão e os incêndios ao redor da Rússia. "Se a temperatura aumentar 5 graus nos próximos 100 anos, como há 50% de chance de acontecer caso não haja uma redução drástica na concentração de gases de efeito estufa (especialmente CO2), a França vai virar deserto e pode chegar à casa de bilhões o número de pessoas migrando de país. Será o caos", alertou.

Ele, no entanto, se mostrou otimista na capacidade de mobilização da sociedade para o enfrentamento da crise, na urgência que ela requer. Disse que o Brasil tem sido um protagonista relevante nas conferências internacionais do clima e disse que somos um país-chave nessa caminhada. "Sabemos como começar, onde cortar emissões , o que fazer, quanto vai custar - de 1 a 3% do PIB nacional por ano. Sabemos também a magnitude desse desafio, por isso nenhuma ideia pode ser desperdiçada. Qualquer ideia sobre corte de emissões, aumento da eficiência energética, da produtividade agrícola e sobre novas práticas e tecnologias. Vamos agir e ter esperança no futuro", disse.

O varejo está fazendo sua parte. Ontem mesmo, o presidente do Walmart, Héctor Núñez, anunciou com o ministro da Pesca e Aquicultura, Altemir Gregolin, compromissos para o desenvolvimento sustentável da pesca e aquicultura no Brasil.

Entre eles estão a identificação da origem e localidade de produção de 100% dos fornecedores de pescados da rede (até 2013); ampliação da oferta e estímulo ao consumo de pescados da região Amazônica; criação de um programa de valorização da pesca artesanal (até 2013) e de um sistema de rastreabilidade para 100% da cadeia de pescados (até 2016). A empresa também lançou um programa de rastreabilidade para os produtos perecíveis em geral, prioritariamente carnes e hortifrutigranjeiros.
 

Acompanhe tudo sobre:ComércioEnsino superiorLondon School of EconomicsPreservação ambientalSustentabilidadeVarejo

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru