Mundo

Valentine's Day é alvo de repressão na Arábia Saudita

Comemoração do dia dos namorados é proibida no país; polícia obrigou os comerciantes a não venderem produtos vermelhos

Mulheres numa loja de lingerie, na Arábia Saudita: comemorar o dia dos namorados é proibido (Amer Hilabi/AFP)

Mulheres numa loja de lingerie, na Arábia Saudita: comemorar o dia dos namorados é proibido (Amer Hilabi/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de fevereiro de 2012 às 11h56.

Riad - O Valentine's Day não é celebrado com flores vermelhas e nem com presentes da cor típica para esta ocasião na Arábia Saudita, já que as autoridades religiosas proíbem taxativamente a realização do dia dos namorados neste país.

Desde o começo de fevereiro, a cor vermelha já desapareceu das lojas e se transformou em uma espécie de pecado, que, por sinal, é motivo de castigo pelas estritas leis do reino wahhabista.

A 'polícia da moral' lançou uma campanha para 'purificar' as lojas de qualquer sinal de celebração da 'festa do amor', como é conhecido o Valentine's Day na Arábia.

Esse corpo, chamado oficialmente de Comissão para a Promoção da Virtude e a Prevenção do Vício, só permite a realização das festas muçulmanas do Sacrifício e do Eid al Fitr, que marca o fim do Ramadã - o mês sagrado de jejum para os muçulmanos. Qualquer outra festividade que não esteja mencionada nos textos do islã é proibida.

'Na última semana tirei os produtos vermelhos das vitrines. Me deram um folheto sobre uma fatwa (decreto religioso) que proíbe a festa do amor. Foram amáveis em seus conselhos, mas me advertiram contra a venda de qualquer produto vermelho', disse à agência Efe Samer al-Hakim, vendedor de uma loja de presentes em Riad.

Apesar dessa medida ser respeitada todos os anos, Hakim fica chateado ao ver seus clientes entrarem em sua loja para buscar uma flor ou um presente adequado para a ocasião e sair sem comprar nada.

Para outros dependentes como Ahmed, que trabalha em uma floricultura, a proibição da venda de presentes do Valentine's Day beneficia os comerciantes que sobem os preços dos produtos para o dia dos namorados e os vendem de maneira clandestina.

Quando uma pessoa pede alguma flor para Ahmed, o mesmo manda um de seus funcionários pegarem a encomenda no armazém, onde os presentes do dia dos namorados ficam escondidos. Neste caso, tanto o vendedor como o cliente correm o risco de serem castigados pelas autoridades religiosas.


No entanto, o risco vale a pena para Ahmed, já que 30% das vendas anuais de sua loja são realizadas durante as primeiras duas semanas de fevereiro. Mas, outros comerciantes preferem fechar seus comércios na época do dia dos namorados para evitar problemas com a tal 'polícia da moral'.

Para Abu Faiçal, um agente dessa força, a máximo que eles podem fazer é fechar os estabelecimentos. Em declarações à Agência Efe, Faiçal negou que os locais sejam queimados e destruídos, como asseguram alguns vendedores.

As pessoas que não são muçulmanas podem celebrar o dia dos namorados na Arábia Saudita, mas nunca em público.

'Não intervimos se os não muçulmanos celebrarem o dia do amor em suas casas, mas não devem se manifestar nas ruas ou em um lugar público', afirmou Faiçal, que negou que a Polícia da moral pratique detenções por este motivo.

'O amor é maravilhoso e não se deve celebrar em um só dia. Todos os dias devem ser dos namorados', insistiu Faiçal, vigilante em ativo durante esta campanha contra os símbolos do Valentine's Day. 

Acompanhe tudo sobre:Arábia Sauditadia-dos-namoradosReligião

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru