Praça do relógio na USP: no início de abril o IEA lançará as edições impressa e eletrônica da revista Estudos Avançados com um dossiê sobre sustentabilidade (Marcos Santos/Divulgação/USP)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2012 às 15h06.
São Paulo - A Universidade de São Paulo (USP) planeja dar nas próximas semanas contribuições importantes aos temas que estarão em discussão na Conferência das Nações sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que será realizada nos dias 20 a 22 de junho no Rio de Janeiro.
Em abril, o Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais do Instituto de Estudos Avançados (IEA) lançará o livro Governança da ordem ambiental internacional e inclusão social.
De acordo com Wagner Costa Ribeiro, professor do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e organizador do livro, a publicação não representa uma posição institucional da USP.
Trata-se, antes, de uma análise de destacados pesquisadores de diversas áreas que integram o Grupo de Pesquisa em Ciências Ambientais do IEA sobre o que se pode esperar da Rio+20. Traz também um balanço da RIO92 (ou ECO-92), identificando as lacunas e os avanços no período entre as duas grandes conferências.
“O livro tem o objetivo de dar uma contribuição para os temas que estarão em discussão na Rio+20, relacionados à governança, inclusão social e economia verde, que são bastante abrangentes, mas que não tratam de questões como a biodiversidade, as mudanças climáticas e os recursos hídricos”, disse Ribeiro à Agência FAPESP.
A publicação é dividida em duas partes. A primeira, intitulada “Ordem ambiental internacional, governança e inclusão social”, é composta por seis artigos de autoria dos professores Jacques Marcovitch, José Eli da Veiga, Pedro Jacobi, Oswaldo Lucon e José Goldemberg, Célio Berman, Fernanda Mello Sant’Anna e o próprio Ribeiro, sobre as propostas de revisão da gestão ambiental internacional. Entre elas estão a criação de uma nova agência ambiental global, fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ou levar a discussão das questões ambientais ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.
A parte do livro “Saúde, pobreza e mudanças climáticas” reúne reflexões sobre as relações entre economia verde, inclusão social e saúde, formas de combate à pobreza por meio do uso do patrimônio cultural, análise de políticas territoriais associadas à inclusão social, o papel dos catadores no processo de gestão dos resíduos sólidos e avanços nas pesquisas climáticas.
“O conjunto de artigos reunidos no livro oferece uma ampla gama de perspectivas para assuntos centrais no mundo atual. O resultado pode contribuir para a busca de alternativas de inclusão social que associem a erradicação da pobreza com os padrões de produção econômicos e que considerem a capacidade de reprodução da natureza em suas múltiplas formas de expressão”, avaliou Ribeiro.
No início de abril o IEA também lançará as edições impressa e eletrônica da revista Estudos Avançados com um dossiê sobre sustentabilidade.
De acordo com Alfredo Bosi, professor da USP e editor da revista, o número especial da publicação sobre sustentabilidade também visa contribuir para as discussões do conceito e dos temas que serão abordados durante a Rio+20.
“Hoje, é consenso entre os cientistas, economistas e políticos bem informados a necessidade urgente de combinar crescimento econômico e respeito às reservas naturais. E estamos às vésperas da Rio+20, que discutirá as diretrizes a serem retomadas em face de problemas candentes, como o da poluição provocada pelos combustíveis fósseis. A revista pretende dar subsídios à discussão desses temas durante o evento”, disse Bosi.
O primeiro artigo da revista é do economista polonês Ignacy Sachs, autor do conceito de ecodesenvolvimento. “A Cúpula da Rio+20 terá pela frente dois grandes desafios intimamente interligados: conter a mudança climática, que cada vez mais resulta de fontes antropogênicas (do próprio homem), e pôr fim ao escândalo da desigualdade abissal nas condições e na qualidade de vida existentes hoje em cada nação e entre elas”, apontou Sachs.
A edição também apresenta diversos outros artigos sobre a Rio+20, como uma série de análises pontuais realizadas por um grupo de trabalho criado pela USP para organizar a contribuição da universidade paulista ao evento.
Coordenado por Ribeiro, o grupo de trabalho fez um levantamento e análise de teses e dissertações de mestrado e doutorado defendidas na USP entre 1992 e 2011 sobre temas vinculados à Rio+20.
A seleção, com cerca de 1,3 mil trabalhos, será reunida em uma página eletrônica que deverá ser lançada em abril e permitirá ao usuário realizar buscas por autor, resumo e palavras-chave, além de fazer o download da pesquisa completa.
No fim de abril, o Grupo de Pesquisa de Ciências Ambientais do IEA e o Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais (Procam) da USP também realizarão um evento no IEA para discutir inclusão social associada à economia verde e à governança da ordem ambiental internacional.
Na ocasião, será lançado o livro Governança da ordem ambiental internacional e inclusão social, publicado pela editora Annablume. “Pretendemos realizar todas essas ações em conjunto. Isso mostra que a USP está atenta à Rio+20”, disse Ribeiro.
O livro poderá ser adquirido após o lançamento por meio da loja virtual da editora. Já a edição eletrônica da revista do IEA sobre sustentabilidade poderá ser acessada nos sites da SciELO e da Scopus.