Deputados uruguaios participam do debate anterior a votação que aprovou a legalização da maconha no país (Andres Stapff/Reuters)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 08h44.
Montevidéu - O presidente esquerdista do Uruguai, José Mujica, disse que seu país não vai se tornar um paraíso de consumidores de maconha, depois de a Câmara dos Deputados aprovar por estreita margem na noite de quarta-feira a legalização do cultivo e venda da droga.
O projeto, que ainda precisa passar pelo Senado, vai além da política holandesa de despenalização e cria um órgão governamental para regularizar as vendas legais e os clubes públicos para o consumo e monitorar o consumo de maconha pelos uruguaios.
Para evitar que o país passe a atrair turistas por causa da droga, só cidadãos uruguaios serão autorizados a usar maconha. O consumo da maconha já é legal no país, mas a venda e o cultivo não são.
Mujica, defensor convicto da medida, disse que "ninguém deve pensar que com essa lei se irá criar desordem ou encorajar o consumo".
Em um programa de rádio nesta quinta-feira, o presidente disse que "em nenhum lugar do mundo a repressão gerou resultados".
"Sabemos que estamos iniciando um experimento de vanguarda mundial", acrescentou.
Mujica explicou que já foi fumante de tabaco e que toma "uma bebida de vez em quando", mas que nunca experimentou maconha.
"Sou velho ... mas percebi que essa é a vida dessa juventude - o consumo está aí nas esquinas e é produzida em um mercado clandestino com regras ferozes. É um monopólio da máfia." Uma recente pesquisa mostrou que 63 por cento dos uruguaios são contra a medida.