Mundo

Uruguai descriminaliza aborto até a 12ª semana

Em caso de estupro, o aborto poderá ser feito até a 14.ª semana de gestação


	Aborto: o projeto volta ao Senado uruguaio, onde não deve ter problemas para sua aprovação final
 (Matt Rubens/Wikimedia Commons)

Aborto: o projeto volta ao Senado uruguaio, onde não deve ter problemas para sua aprovação final (Matt Rubens/Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 12h09.

Buenos Aires - Por 50 votos a 49, a Câmara do Uruguai aprovou, no fim da noite de terça-feira (25), um projeto de lei que descriminaliza o aborto até a 12.ª semana de gestação. Em caso de estupro, o aborto poderá ser feito até a 14.ª semana; em caso de risco para a mãe, não haverá prazo limite. Para fazer o procedimento, a mulher terá de explicar sua decisão para um tribunal.

O texto muda a proposta que havia sido aprovada pelo Senado em dezembro. Por isso, o projeto volta ao Senado, onde não deve ter problemas para sua aprovação final, já que o partido governista da Frente Ampla tem maioria absoluta. Se o projeto for ratificado, o Uruguai será o primeiro país da América do Sul a descriminalizar o aborto.

A proposta do partido do governo foi rejeitada duas vezes. A última delas, a denominada Lei de Saúde Sexual e Reprodutiva, foi vetada pelo então presidente Tabaré Vázquez, em 2008, que citou a justificativa “razões filosóficas e biológicas”, provocando uma crise partidária. O presidente José “Pepe” Mujica já anunciou que não vetará o projeto.

A Frente Ampla teve o apoio de um dos deputados do Partido Independiente (PI, de centro), Iván Posada, que compensou a perda do voto de um deputado governista, Andrés Lima, autorizado pelo partido a votar contra a matéria. Tanto a Frente Ampla quanto o Partido Colorado (de centro-direita) decidiram aplicar a disciplina partidária para o tratamento da matéria.

A medida fez com que vários deputados declarassem, antecipadamente, a decisão de se retirar do plenário na hora da votação, para serem substituídos por suplentes.
Para seus defensores, a lei dará à mulher “as maiores garantias” para realizar o aborto, como afirmou Posada. Já os contrários, como o Partido Nacional, evocaram o “direito à vida” e “a defesa dos direitos humanos”. O texto estabelece que toda mulher “terá direito a decidir sobre a interrupção voluntária de sua gravidez durante as primeiras 12 semanas da gestação”.

De acordo com o deputado governista Juan Carlos Souza, o projeto “não legaliza o aborto, mas abre uma instância importante para que as mulheres decidam livremente se vão abortar, com adequado apoio médico e legal, sem que sejam consideradas criminosas”.


Tribunal

Para a líder do ONG Mulher e Saúde no Uruguai, Marta Aguñin, o projeto não descriminaliza totalmente a interrupção voluntária da gravidez porque obriga a mulher a se apresentar a um tribunal integrado por médicos e assistentes sociais para explicar sua decisão.

Aguñin diz que o tribunal “é moralizante” e determina que a mulher pense por cinco dias. Ela afirma que ninguém garante que o sistema de saúde público ou privado esteja em condições de oferecer os serviços no período determinado pela lei. Se o processo demorar mais do que o prazo estipulado, o aborto continuará sendo um delito e a mulher corre o risco de ser punida. Pesquisa divulgada na semana passada mostrou que 52% dos uruguaios apoiam a iniciativa; 34% são contrários. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaJustiçaLegislaçãoUruguai

Mais de Mundo

Netanyahu oferece quase R$ 30 milhões por cada refém libertado que permanece em Gaza

Trump escolhe Howard Lutnick como secretário de Comércio

Ocidente busca escalada, diz Lavrov após 1º ataque com mísseis dos EUA na Rússia

Biden se reúne com Lula e promete financiar expansão de fibra óptica no Brasil