Uribe: o agora senador foi um dos principais impulsionadores do "Não" no plebiscito de 2 de outubro (AFP/ Donald Bowers/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 09h36.
O ex-presidente da Colômbia Álvaro Uribe propôs nesta quarta-feira um acordo nacional para acabar com o conflito armado de 52 anos com as Farc, depois que o pacto de paz entre a guerrilha e o governo foi rejeitado em um plebiscito no último dia 2.
"Nossa principal proposta é a construção de um acordo nacional que proteja as Farc e proteja os valores democráticos", declarou o ex-presidente, um feroz crítico ao que foi acordado com o grupo rebelde, ao entregar o documento Bases de um Acordo Nacional de Paz a delegados do governo nas negociações com a oposição.
O agora senador e líder do Centro Democrático (direita) foi um dos principais impulsionadores do "Não" no plebiscito de 2 de outubro, no qual os colombianos rejeitaram os termos do acordo entre o governo de Juan Manuel Santos e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc, marxistas), após quase quatro anos de negociações em Cuba.
A vitória da oposição nas urnas deixou em suspenso a implementação do acordo assinado em 26 de setembro pelo governo e a guerrilha, a principal e mais antiga do continente, para por fim a uma conflagração interna de mais de meio século. As duas partes decidiram revisar com os críticos aspectos do acordo para torná-lo viável.
Segundo Uribe, que em seu governo (2002-2010) liderou uma forte ofensiva contra as guerrilhas, o documento entregue contém "alinhamentos gerais sobre aspectos de fundo" e com "propostas concretas" sobre o acordo de paz de Havana.
As propostas se concentram principalmente, segundo o ex-presidente, em evitar que os guerrilheiros responsáveis por delitos atrozes tenham "impunidade total" e elegibilidade política, assim como propor "alívios judiciais" a membros da força pública presos.
"Reiteramos que este não é um tema de retoques cosméticos", afirmou.
Uribe destacou a "prorrogação" do cessar-fogo bilateral em vigor desde 29 de agosto entre as Farc e o governo, após os resultados do plebiscito.
"A prorrogação do status de não violência entre o governo e as Farc, mais a positiva vontade de acompanhamento expressa pelas Nações Unidas, é uma boa notícia que permite a reflexão sobre os corretivos em temas de fundo dos acordos", acrescentou o ex-presidente.
As reuniões entre representante do governo e a oposição, que iniciaram na semana passada e às quais se somou um chamado de "celeridade" por parte de Santos, continuarão na quinta-feira.