Pessoas em estação na região de Guangzhou, na China (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 21 de novembro de 2012 às 13h14.
São Paulo - Para Luo Xiaopeng, consultor dos líderes das reformas de abertura da China, a urbanização é um grande risco. “É uma nova religião na China. As pessoas acreditam que a urbanização vai resolver todos os problemas, o que é muito perigoso”, disse Xiaopeng em conversa com jornalistas antes de sua apresentação na 4ª Conferência Internacional do Conselho Empresarial Brasil-China, realizada hoje em São Paulo.
A reunião de tantas pessoas nas cidades geraria mudanças na sociedade e novos problemas, segundo Xinpeng. Lou vê que nos próximos cinco anos a China também pode ter que enfrentar a migração de pessoas ricas.
Em sua apresentação na conferência, Kerry Brown, diretor executivo do China Studies Center da Universidade de Sidney, também destacou a urbanização como um desafio. Para o professor, é necessário discutir documentos, o registro de sociedade e o acesso ao bem estar social. “Esse assunto ainda não foi resolvido e há diferentes acessos aos bens dependendo dos documentos que as pessoas têm”, disse.
Dedos cruzados
Para Xiaopeng, o risco de mover-se para qualquer direção ou de não se mover é alto já que qualquer decisão afeta não só os chineses mas o mundo e não só nessa geração, mas também as futuras. “Temos que manter os dedos cruzados”, disse.
A China está em um “turning point” (um momento de virada), segundo David Kelly, diretor de pesquisas da China Policy e professor na Universidade de Pequim. “É um momento de renovação das políticas existentes. Há um consenso no mundo que isso não é uma mudança radical. Mas esse é um governo que está enfrentando escolhas radicais”, disse. Para o professor, as pessoas com maior conhecimento não estão, necessariamente, nas posições que demandam mais expertise. “A situação na China precisa de decisões de risco”, disse.
Para Kelly, a nova administração pode ser mais flexível. Xiaopeng destacou que Xi Jinping, o novo líder chinês, morou nos Estados Unidos quando era bem mais novo, o que é pouco usual. “Há pouca exposição ao mundo externo”, disse Kelly. Para o professor, a China precisa equilibrar a economia estatal com a privada nesse momento – e não necessariamente excluir a economia estatal nesse momento. “Fazer tudo (Estado forte, controle da mídia) de uma vez é como resolver um cubo mágico, quando você coloca as coisas no lugar tem que voltar e arrumar de novo”, disse.
Segundo Kelly, o Brasil deveria procurar aspectos da China, aprender mais sobre o país, ter departamentos fortes sobre China nas universidades, pessoas falando chinês. “Não penso que a China tem um projeto de deixar o Brasil de lado, o que o Brasil tem que saber como líder é como lidar com os lados da China, os interesses dentro da China não são todos iguais”, disse.