Bandeira da União Europeia: entre 2010 e 2013, UE destinou 2,5 bilhões de euros para o desenvolvimento da democracia e da economia de países (REUTERS/Jon Nazca)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2013 às 10h49.
Bruxelas - A União Europeia (UE) mantém aberta a opção de assinar um acordo de associação e livre-comércio com a Ucrânia, mas rejeita a ideia de Kiev de iniciar um diálogo dos dois com a Rússia para discutir a questão, assinalou nesta terça-feira uma fonte comunitária.
"Não vejo isso como algo construtivo", disse a fonte em um encontro com jornalistas, ao ser questionada sobre a proposta ucraniana de iniciar novas negociações entre Kiev, Moscou e Bruxelas para garantir que a possível aproximação da Ucrânia com a União Europa não crie represálias econômicas russas.
A UE está disposta a falar com a Rússia de forma individual para esclarecer suas possíveis dúvidas sobre o acordo comercial negociado com a Ucrânia, ressaltou.
A assinatura do pacto era esperada para esta semana em Vilnius, mas finalmente o Governo de Viktor Yanukovich decidiu não realizá-la por motivos econômicos.
A UE denunciou abertamente as pressões da Rússia para que Kiev não sele o compromisso com os vinte E oito.
Segundo várias fontes, Moscou diminuiu seus intercâmbios comerciais com a Ucrânia nos últimos meses como modo de aviso, e complicando ainda mais a difícil situação econômica do país.
A UE se comprometeu a apoiar uma eventual ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) à Ucrânia, atualmente em negociação, mas não tem intenção de reabrir as metas econômicas do acordo, assinalou hoje a mesma fonte citada anteriormente.
Bruxelas considera que o pacto de associação e livre-comércio oferecido a Kiev é o mais ambicioso ofertado a um não-membro da União e que agora corresponde a Yanukovich decidir se aceita.
A assinatura era o principal resultado previsto na cúpula da Associação Oriental que a UE realizará na quinta-feira e na sexta-feira em Vilnius com seis de seus vizinhos do Leste da Europa: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Geórgia, Moldávia e Ucrânia.
Apesar do "não" ucraniano, Yanukovich estará presente em Vilnius, onde a UE terá os presidentes da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, e do Conselho, Herman Van Rompuy, assim como a maior parte dos chefes de Estado e do Governo dos vinte E oito.
A Europa espera fechar oficialmente acordos de Associação com a Moldávia e Geórgia, que seriam assinados de maneira formal nos próximos meses, e um pacto para facilitar vistos aos cidadãos do Azerbaijão.
A cúpula será a terceira deste tipo desde que a UE iniciou em 2009 sua estratégia para estreitar laços com as repúblicas ex-soviéticas, às quais não oferecia perspectivas de adesão.
Entre 2010 e 2013, a UE destinou 2,5 bilhões de euros para o desenvolvimento da democracia e da economia destes países, que no entanto em vários casos optaram por se aproximar da Rússia.
Moscou sempre viu com receio os movimentos europeus em uma zona que considera sua área natural de influência e tratou de impulsionar a entrada de vários países da área em sua União Aduaneira (UA), na qual já participa Belarus.
A Ucrânia, por enquanto, é a peça mais cobiçada por seu tamanho e por seus importantes recursos naturais e situação estratégica.
Segundo dados publicados hoje pelo Eurostat, os intercâmbios comerciais com o país supõem a metade do comércio entre a UE e os seis países da Associação Oriental.
Em conjunto, a relação comercial entre a UE e a zona cresceu significativamente na última década apesar do grande recesso da crise.
Entre 2002 e 2012, as exportações europeias cresceram de 11,9 bilhões para 39,5 bilhões, enquanto as importações passaram de 10,4 bilhões a um máximo de 36,7 bilhões registrados em 2011.
Durante todo o período, a UE manteve sempre um saldo positivo na balança comercial, com exceção de 2011.
Em 2012, as vendas europeias supuseram 4,1 bilhões a mais que as compras aos seis países da área.