Ursula von der Leyen reafirma compromisso da União Europeia com negociações firmes com os EUA (FABRICE COFFRINI /AFP)
Agência de notícias
Publicado em 4 de fevereiro de 2025 às 17h14.
Última atualização em 4 de fevereiro de 2025 às 17h35.
A União Europeia estará preparada para ter negociações difíceis com os Estados Unidos com o objetivo de proteger seus próprios interesses, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, enquanto o continente se prepara para possíveis novas tarifas impostas pelos EUA. A presidente também afirmou que o bloco europeu será pragmático na busca por soluções.
No fim de semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, declarou que em breve imporá tarifas sobre as importações da UE. Segundo uma reportagem da Reuters, na segunda-feira, em uma reunião informal em Bruxelas, os 27 líderes do bloco discutiram como lidar com a evolução das relações com o governo americano.
“Muito está em jogo para ambos os lados. Há empregos, empresas e indústrias tanto aqui quanto nos Estados Unidos que dependem da parceria transatlântica”, afirmou Ursula em uma conferência de embaixadores da UE nesta terça-feira, em Bruxelas.
Ela acrescentou:
“Nosso primeiro objetivo agora é trabalhar nas muitas áreas onde os interesses convergem”, disse, apontando para cadeias de suprimentos críticas e tecnologias emergentes. A presidente da Comissão Europeia ressaltou que a Europa será firme em suas negociações com Washington:
“Estaremos prontos para negociações difíceis quando necessário e para encontrar soluções sempre que possível, para resolver quaisquer divergências e estabelecer as bases para uma parceria mais forte. Seremos abertos e pragmáticos na forma de alcançar isso. Mas também deixaremos igualmente claro que sempre protegeremos nossos próprios interesses.”
Ursula von der Leyen também frisou que a União Europeia deve deixar de lado as emoções em sua relação com o mundo e agir de acordo com seus interesses, inclusive com os Estados Unidos. Segundo ela, o bloco de países europeus deve “tomar decisões sem emoção ou nostalgia, mas com base em um cálculo sobre qual é o nosso próprio interesse”.
“Devemos nos comprometer, e sem dúvida teremos de participar de negociações difíceis, até mesmo com parceiros de longa data”, afirmou a alta funcionária alemã, reconhecendo que a UE poderá ter de “trabalhar com países que não compartilham nossas ideias, mas que têm alguns interesses em comum conosco”.
Para Von der Leyen, a Europa deve deixar claro a seus parceiros que "se todos puderem ganhar, estamos prontos para assumir compromissos". No entanto, acrescentou, "é importante manter o equilíbrio correto" para evitar uma guerra comercial "que não é do interesse de ninguém".
Ela ainda lembrou que a UE precisa reconhecer as realidades da política global: “A visão de um mundo caminhando para uma cooperação cada vez maior e para a hiperglobalização tornou-se ultrapassada. A Europa deve lidar com o mundo como ele é.”
Ao mesmo tempo que Ursula von der Leyen enfatizava que o bloco protegeria seus interesses, o chefe de Comércio, Maros Sefcovic, afirmou que a União Europeia quer engajar-se rapidamente com os Estados Unidos sobre as tarifas planejadas pelo presidente Donald Trump.
Falando antes de uma reunião de ministros da UE para debater o comércio e a competitividade do bloco, em Varsóvia, Sefcovic disse que queria um "engajamento precoce" e estava aguardando apenas a confirmação da nomeação do escolhido de Trump para secretário de Comércio, o financista Howard Lutnick, segundo reportagem da Reuters.
“Estamos prontos para engajar-nos imediatamente e esperamos que, por meio desse engajamento precoce, possamos evitar as medidas que trariam muita perturbação à relação comercial e de investimentos mais importante deste planeta”, disse ele a jornalistas.
A reunião da UE em Varsóvia começou algumas horas depois que tarifas adicionais de 10% sobre produtos chineses entraram em vigor nos Estados Unidos, levando a China a retaliar. Canadá e México também estavam na mira de tarifas de 25% dos EUA na terça-feira, mas cada um garantiu uma suspensão de 30 dias. Trump afirmou que a União Europeia é a próxima da lista. Ele tem reclamado repetidamente sobre o déficit comercial dos EUA com os 27 países da UE.
De acordo com reportagem da Reuters, Sefcovic disse que esse déficit, incluindo o comércio de serviços, era de cerca de € 50 bilhões, ou aproximadamente 3% do comércio anual total entre a UE e os EUA, que soma € 1,5 trilhão, enquanto 4 milhões de empregos em ambos os lados do Atlântico dependiam dessa relação comercial aberta.