Sudão: Omar al Bashir foi deposto após a pressão nas ruas dos protestos que começaram há quatro meses (Ala Kheir/Getty Images)
EFE
Publicado em 11 de abril de 2019 às 16h03.
Adis Abeba — O presidente da Comissão da União Africana (UA), Moussa Faki Mahamat, condenou nesta quinta-feira o golpe militar que depôs o presidente do Sudão, Omar al Bashir, do poder após passar 30 anos no cargo.
Em comunicado divulgado pela UA em Adis Abeba, a capital da Etiópia, o presidente da Comissão - o secretariado da organização - expressou "a convicção da União Africana de que a tomada de poder militar não é a resposta adequada para os desafios que o Sudão enfrenta e as aspirações de seu povo".
Mahamat lembrou a Declaração de Lomé de 2000 sobre mudanças inconstitucionais de governo e a Carta Africana sobre Democracia, Eleições e Governabilidade, que "condenam energicamente qualquer mudança de governo inconstitucional".
"Em vista dos eventos em curso, o presidente reitera essas disposições e deseja uma pronta reunião do Conselho de Paz e Segurança (da UA) para considerar a situação e tomar as decisões apropriadas", afirmou Mahamat na nota oficial.
Enquanto isso, Mahamat pediu "calma e máxima contenção" às partes envolvidas, "e respeito aos direitos dos cidadãos, dos estrangeiros e da propriedade privada no interesse do país e de seu povo".
A UA também solicitou a realização de "um diálogo inclusivo para criar condições que permitam satisfazer as aspirações dos sudaneses à democracia, o bom governo e o bem-estar, assim como restabelecer a ordem constitucional o mais rápido possível".
A organização expressou sua "solidariedade" para com o povo do Sudão e prometeu sua disposição para apoiar o país neste período, "em linha com os seus instrumentos e princípios pertinentes".
Bashir foi deposto após a pressão nas ruas dos protestos que começaram há quatro meses e que, nos últimos dias, levaram os militares a ficarem ao lado dos manifestantes.
O ministro da Defesa do Sudão, general Awad Ibn Auf, anunciou hoje que Bashir está detido "em um lugar seguro" e que o exército decidiu iniciar um governo transitório de dois anos.
À espera de saber os termos da junta militar, chamada de Conselho Militar Transitório, o ministro anunciou a suspensão da Constituição de 2005 e a dissolução da Presidência, do Parlamento, do Conselho de Ministros e dos governos regionais.