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Unasul alerta que Paraguai pode ter "golpe de estado"

O bloco ofereceu seu pleno apoio ao líder paraguaio e reafirmou sua solidariedade com o povo paraguaio

Presidente do Paraguai, Fernando Lugo: Com relação ao julgamento, o secretário-geral criticou que o presidente Lugo teria tido uma "grande limitação para se defender" (Jorge Adorno/Reuters)

Presidente do Paraguai, Fernando Lugo: Com relação ao julgamento, o secretário-geral criticou que o presidente Lugo teria tido uma "grande limitação para se defender" (Jorge Adorno/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 22 de junho de 2012 às 18h19.

Caracas - O secretário-geral da União de Nações Sul-americanas (Unasul), Alí Rodríguez, alertou nesta sexta-feira que o Paraguai pode estar em meio a um golpe de Estado devido à "rapidez" do julgamento político do presidente do país, Fernando Lugo, e se mostrou preocupado com um possível "processo de violência".

"Tudo indica que uma decisão já foi tomada e que, pela rapidez com a qual os eventos estão acontecendo, poderíamos estar diante de um golpe de Estado", declarou Rodríguez à rede de TV multiestatal "Telesur".

"Há muita gente concentrada em frente ao Congresso e ao palácio (de governo). Nosso temor é de que possa haver confrontos, um derramamento de sangue, que é, acima de tudo, o que queremos evitar na Unasul", acrescentou.

A Unasul advertiu que as "ações em curso" no Senado do Paraguai para destituir o presidente Lugo podem representar uma "ameaça de ruptura da ordem democrática" se não se respeitar o "devido processo".

O bloco ofereceu seu pleno apoio ao líder paraguaio e reafirmou sua solidariedade com o povo paraguaio, segundo um comunicado lido à imprensa pelo secretário-geral do bloco no palácio de governo de Assunção.

A Câmara dos Deputados paraguaia aprovou na quinta-feira, com apenas um voto contra, abrir um "julgamento político" contra Lugo por mau desempenho de suas funções, e o Senado o ratificou no mesmo dia, também por quase unanimidade. Constituiu-se em tribunal, tal como estabelece a Constituição paraguaia.

Entre outras razões para processar o governante, os deputados designados como promotores mencionaram os 17 mortos decorrentes do confronto armado entre policiais e camponeses ocorrido no último dia 15 durante um despejo de sem-terras de uma fazenda.


Rodríguez, que lidera uma delegação da Unasul que se transferiu a Assunção para mediar a crise, disse que, apesar de o organismo estar à espera da decisão final do Senado, a "extrema rapidez" do processo "provoca a preocupação de todos os chanceleres aqui presentes".

A delegação da Unasul está composta pelos chanceleres do Brasil, Chile, Venezuela, Peru, Equador, Colômbia, Argentina e Uruguai, assim como por dois ministros bolivianos e pelo secretário-geral.

"Seguimos fazendo esforços, mas ainda não encontramos uma forma de poder mediar a situação. É como quem se encontra em frente a um muro insuperável", acrescentou Rodríguez, ao destacar a situação "muito delicada" do país.

Com relação ao julgamento, o secretário-geral criticou que o presidente Lugo teria tido uma "grande limitação para se defender".

"Após tão longos anos de ditadura, transtorno da democracia, uma perturbação em qualquer região vai provocar uma perturbação no conjunto", advertiu Rodríguez, ex-ministro venezuelano.

O secretário da Unasul antecipou que o organismo já está redigindo "uma primeira declaração" que esperam publicar "o mais rápido possível" para estabelecer a postura da missão.

Rodríguez afirmou que, caso Lugo seja destituído, possivelmente muitos dos acordos da Unasul já previamente estabelecidos se veriam suspensos. Segundo ele, "alguns" chanceleres do organismo disseram que não aceitariam que o vice-presidente paraguaio, o liberal Federico Franco, assumisse de forma interina a Presidência do país, algo estabelecido pela Constituição paraguaia. 

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