Água: o aumento das temperaturas e as secas podem colocar as crianças em risco de desidratação (Reuters/Reuters)
AFP
Publicado em 22 de março de 2017 às 17h46.
Aproximadamente uma em cada quatro crianças em todo o mundo viverá em regiões com recursos hídricos extremamente escassos em 2040, informou a Unicef em um relatório na quarta-feira.
Em uma pesquisa divulgada no Dia Mundial da Água, a agência das Nações Unidas para a infância alertou que em pouco mais de duas décadas quase 600 milhões de crianças estarão vivendo em áreas com fontes de água severamente limitadas, conforme o crescimento populacional e o aumento da demanda de água se juntarem aos efeitos das mudanças climáticas.
Mais de 36 países enfrentam atualmente situações de estresse hídrico extremo, segundo o relatório, e a demanda de água excede a oferta renovável disponível.
O aumento das temperaturas e as secas podem colocar as crianças em risco de desidratação, de acordo com a Unicef, enquanto o aumento das chuvas e inundações pode destruir a infraestrutura de saneamento e ajudar a espalhar doenças transmitidas pela água, como a cólera.
Mais de 800 crianças com menos de cinco anos morrem diariamente por diarreia ligada a um saneamento deficiente e à escassez de fontes de água potável, disse o relatório.
A seca e os conflitos são os fatores por trás da escassez de água em partes da Nigéria, Somália, Sudão do Sul e Iêmen, diz o relatório. Quase 1,4 milhão de crianças nessas áreas enfrentam um "risco iminente de morte" por causa da fome.
Só na Etiópia, mais de nove milhões de pessoas não terão acesso a água potável neste ano, de acordo com projeções da agência.
Sem água "nada pode crescer", apontou o diretor executivo da Unicef, Anthony Lake.
"Milhões de crianças carecem de acesso à água potável - o que põe em risco as suas vidas, afeta a sua saúde e ameaça o seu futuro", acrescentou.
A crise "só vai aumentar, a menos que tomemos uma ação coletiva agora", disse.
A Unicef pediu às comunidades que diversifiquem suas fontes de água e que os governos priorizem o acesso à água potável para crianças vulneráveis.
Em outro relatório divulgado na quarta-feira, a ONU disse que a reciclagem das águas residuais do mundo - cuja maioria não é tratada - aliviaria a escassez global de água e protegeria o meio ambiente.
Dois terços da humanidade vivem em zonas onde a escassez de água é patente por ao menos um mês do ano. A metade delas vivem na China e na Índia.
No ano passado, uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial identificou as crises de água como o maior risco global da próxima década.
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente prevê que, de acordo com as tendências atuais, a demanda de água - para a indústria, a energia e um bilhão a mais de pessoas - aumentará 50% até 2030.