Imigrantes: Crianças são vítimas da crise mundial de migração pelo mundo. Segundo ONU, a média é de uma morte por dia (Adrees Latif/Reuters)
Reuters
Publicado em 28 de junho de 2019 às 14h50.
Uma criança imigrante morreu quase todos os dias durante os últimos quatro anos ao tentar chegar a um lugar seguro, disse a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta sexta-feira, depois que a foto de um migrante e sua filha afogados ao tentarem entrar nos Estados Unidos gerou repercussão global.
A agência para imigração da ONU afirmou nesta sexta-feira que pelo menos 32 mil imigrantes, incluindo 1.600 crianças, morreram pelo mundo em jornadas perigosas na busca por melhores condições de vida desde que o órgão começou a compilar dados sobre mortes e desaparecimentos de imigrantes, em 2014.
"As crianças estão morrendo em todas as regiões do mundo. Aquelas crianças não estão cientes do que está acontecendo e enfrentam riscos terríveis", disse Frank Laczko, chefe do centro de análise de dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).
O retrato de Óscar Alberto Martínez, de 25 anos, e sua filha Angie Valeria, de quase 2 anos, deu destaque à luta das 70 milhões de pessoas deslocadas à força pelo mundo - crianças na maioria, de acordo com os dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur). Pai e filha viajaram de El Salvador para o México e estavam cruzando o Rio Grande em busca de asilo nos Estados Unidos.
A Patrulha de Fronteira dos EUA reportou 283 mortes de imigrantes na fronteira em 2018. Ativistas dizem que o número real é maior do que este, uma vez que muitos imigrantes que morrem em trechos acidentados do deserto ao longo da fronteira de 3.138 quilômetros nunca são encontrados.
O Acnur comparou a foto com o retrato do refugiado sírio de 3 anos Alan Kurdi, cujo corpo apareceu em uma praia do Mediterrâneo em 2015. Kurdi fazia parte de uma leva de refugiados sírios que causou pânico na Europa, o que levou a Turquia efetivamente a fechar a rota de migrantes pela Grécia, sob pedido da União Europeia.
Desde então, as passagens pelo Mar Mediterrâneo têm diminuído, contribuindo para a queda no número de mortes de imigrantes no mundo para 4.734 em 2018, ante 6.280 em 2017, segundo a OIM.