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Uma a cada cinco mortes no mundo é associada à má alimentação

O estudo também mostra que o câncer mata mais agora do que 10 anos atrás

Alimentação: as mortes de crianças menores de cinco anos somaram, pela primeira vez, menos de cinco milhões (Spencer Platt/Getty Images)

Alimentação: as mortes de crianças menores de cinco anos somaram, pela primeira vez, menos de cinco milhões (Spencer Platt/Getty Images)

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AFP

Publicado em 15 de setembro de 2017 às 11h16.

Uma de cada cinco mortes no mundo está associada à má alimentação, e o câncer mata mais agora do que há 10 anos, revela um estudo divulgado nesta sexta-feira (15), que comemora, por outro lado, a maior expectativa de vida já registrada.

Nos últimos quase 50 anos, a expectativa de vida de ambos os sexos aumentou 14 anos, de 58,4 para 72,5. Para as mulheres, chega a 75,3 anos, e para os homens, a 69,8, segundo este panorama mundial da saúde de 2016, publicado na revista médica The Lancet.

Na América Latina e no Caribe, a expectativa de vida para as mulheres é de 78,9 anos, e a dos homens de 72,8. O estudo destaca o caso do Peru que, com uma longevidade feminina de 81,6 anos e masculina de 77,8, "registrou um aumento acima do se esperaria tendo em conta seu nível de desenvolvimento".

O caso "exemplar" do Peru

Peru, Portugal, Etiópia, Nepal, Maldivas e Níger são casos "exemplares" e deveriam fornecer "informações sobre suas exitosas políticas" de saúde, sugere o estudo, coordenado pelo Instituto de Avaliação e Medição de Saúde (IHME, em inglês) da Universidade de Washington.

Os autores destacam outras boas notícias: as mortes de crianças menores de cinco anos somaram pela primeira vez menos de cinco milhões em 2016, em comparação com 16,4 milhões em 1970.

As mortes por doenças infecciosas também diminuíram, exceto no caso da dengue, que causou 37.800 falecimentos no ano passado, um aumento de 81,8% desde 2006.

As mortes por aids diminuíram 45,8% nesse período, com 1,03 milhão de pessoas em 2016, enquanto a tuberculose tirou a vida de 1,21 milhão de pessoas (-20,9%).

No ano passado, houve cerca de 55 milhões de falecimentos e 129 milhões de nascimentos, com um balanço positivo de 74 milhões de pessoas adicionais no planeta.

 7,1 milhões de mortes por tabaco

Mas o estudo apresenta também dados preocupantes: 72% das mortes se devem a doenças não transmissíveis, principalmente cardiovasculares, exceto nos países pobres, onde a principal causa de morte são as infecções respiratórias.

O diabetes matou 1,43 milhão de pessoas no ano passado, um aumento de 31% em uma década, e o câncer, com quase nove milhões de mortes, também foi 17% mais mortífero, sendo o de pulmão o mais comum.

Um total de 7,1 milhões de mortes foram atribuídas ao tabaco.

A má alimentação, particularmente a que é pobre em alimentos saudáveis como cereais, frutas, verduras, frutos secos e peixes, ou a que contém sal em excesso, está relacionada com cerca de 10 milhões de óbitos, 18,8% do total.

"Entre todas as formas de desnutrição, os maus hábitos alimentares representam o maior fator de risco de mortalidade", segundo o estudo.

Transtornos mentais, drogas e álcool

Um total de 1,1 bilhão de pessoas, ou seja, mais de um sexto da população mundial, são afetadas por transtornos mentais ou sofrem com as consequências do abuso de álcool e de drogas.

Os grandes transtornos depressivos estão entre as 10 principais doenças na maioria dos 195 países estudados.

A população global com Alzheimer ou Parkinson totalizou 2,6 milhões no ano passado, um salto de mais de 40% em 10 anos.

O álcool e as drogas foram responsáveis por 320.000 mortes.

As mortes por conflitos e terrorismo - especialmente no Oriente Médio e no norte da África -, ultrapassaram a marca de 150.000 em 2016, um aumento de 140% em relação a 10 anos antes.

"Enfrentamos uma tríade de problemas que afetam muitos países e comunidades: a obesidade, os conflitos e as doenças mentais, incluindo os transtornos por abuso de substâncias", resumiu Christopher Murrray, diretor do IHME.

 Mortes evitáveis por hepatite

O estudo ressalta, ainda, as mortes por hepatite viral, que matou 1,34 milhão de pessoas no ano passado, um aumento de 22% em relação ao ano 2000, segundo a Organização Mundial da Saúde.

"As mortes por hepatite podem ser evitadas", disse Raquel Peck, da Aliança Mundial de Hepatite, apontando como um dos principais problemas o fato de que apenas 5% dos afetados por esta doença são conscientes disso.

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