As frutas e hortaliças, assim como as raízes e tubérculos, são os alimentos com a maior taxa de esbanjamento (Alexandre Battibugli/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2011 às 09h35.
Roma - Cerca de um terço dos alimentos produzidos a cada ano no mundo para o consumo humano, aproximadamente 1,3 bilhão de toneladas, se perde ou é desperdiçado, segundo aponta um estudo da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).
A pesquisa da FAO, divulgada nesta quarta-feira em comunicado, tem por título "Global Food Losses and Food Waste" (Perdas e Desperdício de Alimentos no Mundo) e foi encomendada pelo instituto sueco de alimentos e biotecnologia (SIK).
O estudo faz uma diferenciação entre perdas de alimentos (que podem acontecer nas fases de produção, colheita ou processamento) e desperdício, um problema mais presente nos países industrializados, causado na maioria dos casos tanto pelo comércio no varejo como por consumidores que jogam mantimentos ainda comestíveis no lixo.
Segundo o estudo, os países industrializados e aqueles em desenvolvimento desperdiçam mais ou menos a mesma quantidade de alimentos: 670 e 630 milhões de toneladas, respectivamente, a cada ano.
O desperdício anual de alimentos nos países ricos por parte dos consumidores, 222 milhões de toneladas, se aproxima muito da produção líquida de alimentos da África Subsaaariana (230 milhões de toneladas).
As frutas e hortaliças, assim como as raízes e tubérculos, são os alimentos com a maior taxa de esbanjamento e a quantidade de mantimentos que se perde ou desperdiça a cada ano equivale a mais da metade da colheita mundial de cereais (2,3 bilhões de toneladas em 2009-2010).
"A produção total de alimentos 'per capita' para o consumo humano se situa em cerca de 900 quilos anuais nos países ricos, mais do que o dobro dos 460 quilos produzidos nas regiões mais pobres", afirma a FAO na nota.
"Nos países em desenvolvimento, 40% das perdas ocorre nas fases de pós-colheita e processamento, enquanto nos países industrializados mais de 40% das perdas se dá no nível das vendas a varejo e do consumidor", acrescenta.
"Em nível da venda a varejo também se desperdiçam grandes quantidades de alimentos devido às normas de qualidade que dão excessiva importância à aparência. As pesquisas indicam que os consumidores estão dispostos a comprar produtos que não cumpram as exigências de aparência caso não sejam nocivos e tenham um bom sabor", indica a agência das Nações Unidas.
A FAO aposta ainda pela educação nas escolas e iniciativas políticas que mudem a atitude dos consumidores nos países ricos, para que planejem de forma mais adequada suas compras de alimentos.