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Um milhão de peixes apodrecem em meio a protestos no Chile

O Chile, responsável por aproximadamente 25% da oferta mundial de salmão, enfrenta a pior agitação social desde o fim da ditadura de Pinochet, em 1990

Protestos no Chile: país responde por cerca de 25% da oferta global de salmão; manifestantes impedem que funcionários cheguem aos locais de criação (Jose Luis Saavedra/Reuters)

Protestos no Chile: país responde por cerca de 25% da oferta global de salmão; manifestantes impedem que funcionários cheguem aos locais de criação (Jose Luis Saavedra/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 10 de novembro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 10 de novembro de 2019 às 07h00.

Um milhão de salmões estão morrendo de fome ou apodrecendo em criadouros ou centros de processamento no Chile, o segundo maior produtor mundial deste tipo de peixe. Manifestantes impedem que funcionários cheguem a esses locais de trabalho.

O risco de danos ambientais é iminente, com 800.000 peixes à espera de alimento ou de serem colhidos. Nos centros de processamento, há 320 toneladas em decomposição, segundo comunicado distribuído pela associação SalmonChile na segunda-feira. A situação é mais crítica na cidade de Quellon, na ilha de Chiloe, no sul do país.

“Os riscos à saúde continuarão aumentando com o passar dos dias e se as empresas não lidarem com o peixe apodrecido”, alertou Scarlett Molt, secretária regional de saúde da região de Los Lagos, à Rádio BioBio. “É preciso retirar o produto de acordo com os protocolos.”

O Chile, responsável por aproximadamente 25% da oferta mundial de salmão, enfrenta a pior agitação social desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. A onda de protestos contra o aumento do custo de vida se espalhou por todo o país, levando milhões de pessoas às ruas e bloqueando estradas e portos. Mais de um quarto dos supermercados chilenos sofreu saques.

Barricadas nas estradas que chegam a fazendas de salmão e unidades de processamento impedem o acesso a essas instalações por vários dias, segundo a SalmonChile. A associação pede intervenção das autoridades locais para evitar que o problema se agrave.

Entre as unidades afetadas estão aquelas de propriedade de Empresas AquaChile, Marine Farm e Salmones Austral, segundo reportagem do Diario Financiero. Nenhuma das três empresas respondeu imediatamente a pedidos de comentário.

O Serviço Nacional de Pesca e Aquicultura (Sernapesca) informou que seis instalações contendo 890.000 peixes estão bloqueadas e não podem realizar a colheita. Segundo a agência, os peixes não representam risco sanitário por enquanto e as autoridades estão fazendo o possível para permitir a transferência dos animais para fazendas próximas.

A indústria de salmão do Chile tem um passado questionável em se tratando do meio ambiente. A proliferação de algas tóxicas, que grupos ecológicos, incluindo o Greenpeace, atribuem em parte à criação de salmão causou desastres ambientais na costa sul do Chile.

Em 2016, um episódio particularmente grande de proliferação de algas matou milhões de peixes de criadouros e provocou prejuízos pesados para os produtores de salmão. A fauna aquática também sofreu, com animais mortos chegando às praias da ilha de Chiloé. Pescadores organizaram revoltas violentas durante dias e bloquearam estradas em protesto.

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