Para evitar ais tensões, a prefeitura de Barcelona organizou uma cerimônia simples para homenagear as vítimas (Albert Salame/Reuters)
AFP
Publicado em 17 de agosto de 2018 às 10h25.
Última atualização em 17 de agosto de 2018 às 10h25.
Um ano depois dos atentados na Catalunha que deixaram 16 mortos, Barcelona presta uma homenagem, nesta sexta-feira, às vítimas, mas sem deixar de lado o conflito político pela questão da independência da região.
Os parentes das vítimas haviam solicitado uma "trégua" durante o dia, mas tanto independentistas como unionistas aproveitaram a homenagem para divulgar seus lemas políticos.
Na Praça da Catalunha, onde aconteceu a cerimônia com a presença do rei Felipe VI e do primeiro-ministro Pedro Sánchez, uma faixa foi exibida contra o monarca: "O rei da Espanha não é bem-vindo nos países catalães", afirmava em inglês.
Também na Rambla, principal cenário da tragédia, uma faixa exigia a liberdade para os políticos independentistas presos.
Os grupos unionistas exibiram bandeiras espanholas durante a homenagem e receberam o monarca aos gritos de "viva o rei" e "viva a Espanha".
Neste clima Pedro Sánchez insistiu no Twitter que a "unidade de toda a sociedade espanhola nos torna fortes contra o terror e barbárie".
La unitat de tota la societat espanyola ens fa forts contra el terror i la barbàrie. Aquest #17A i sempre, serem a Barcelona al costat de les víctimes, solidaris amb el seu dolor, units en el record. Ferms davant la desraó del terrorisme. #BCNciutatdepau, Espanya és país de PAU pic.twitter.com/wFs2rndW5q
— Pedro Sánchez (@sanchezcastejon) August 17, 2018
"Este #17A e sempre, estaremos em Barcelona ao lado das vítimas, solidários com sua dor, unidos na recordação, completou o chefe de Governo.
Os atentados de Barcelona e Cambrils, que deixaram 16 mortos e mais de 100 feridos, consternaram a sociedade espanhola, mas foram rapidamente ofuscados pela tentativa frustrada de independência da Catalunha em outubro.
A tensão retornou com a presença na homenagem de Felipe VI, que já havia sido vaiado em um protesto contra os atentados no ano passado.
As duras opiniões do rei contra os independentistas durante a crise o transformaram em 'persona non grata' para os separatistas. Algumas associações organizaram homenagens paralelas.
Para evitar ais tensões, a prefeitura de Barcelona organizou uma cerimônia simples, sem discursos oficiais, com o protagonismo reservado para as 200 vítimas presentes, entre parentes dos falecidos e feridos.
Um poema do inglês John Donne foi lido nos idiomas das vítimas e várias músicas foram interpretadas.
Antes da homenagem, parentes das vítimas depositaram flores no mosaico do artista catalão Joan Miró no centro da Rambla, onde terminou o percurso mortal da van branca dirigida por Younes Abouyaaqoub.
Em 17 de agosto de 2017, às 16h30 locais, Abouyaaqoub avançou com sua van em grande velocidade contra a multidão na Rambla.
Quatorze pessoas morreram, incluindo um australiano de 7 anos e um espanhol de 3, e mais de 100 ficaram feridas. Quatro dias mais tarde, o motorista foi morto por policiais.
Em sua fuga, Abouyaaqoub matou um jovem para roubar seu carro.
Cinco de seus cúmplices o imitaram na madrugada de 18 de agosto, atropelando pedestres na localidade balneária de Cambrils, sul de Barcelona, e depois os atacando com facas. Uma mulher morreu esfaqueada. Os agressores foram abatidos pela Polícia. Tinham 17, 19 e 24 anos.
Os investigadores reconstituíram os atentados, mas ainda buscam estabelecer se a célula extremista, da qual três membros estão na prisão, tinha efetivamente ligação com o grupo Estado Islâmico (EI), que reivindicou os ataques.
O que foi estabelecido é que Abdelbaki Es Satty, um marroquino de 44 anos que esteve preso por tráfico de drogas, era imã em Ripoll, uma pequena população no sopé dos Pirineus, e doutrinou inúmeros jovens, em sua maioria imigrantes marroquinos de segunda geração.
Em uma casa abandonada a 200 km de Barcelona, o grupo preparava explosivos e tinha como alvos potenciais a basílica da Sagrada Família, o estádio do Barcelona e até a Torre Eiffel de Paris, segundo os investigadores.
Mas a explosão acidental dos artefatos que eram preparados, em 16 de agosto, forçou o grupo a improvisar ataques com veículos, como os que já haviam acontecido em Nice (França), Londres e Berlim.