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Último cúmplice de ataques em Paris é identificado por DNA

"temos várias peças deste quebra-cabeça e nos últimos tempos várias peças foram encaixadas, mas ainda estamos longe, de terminar", explicou o procurador francês


	Investigação: "temos várias peças deste quebra-cabeça e nos últimos tempos várias peças foram encaixadas, mas ainda estou longe, ainda estamos longe, de terminar o quebra-cabeça", explicou o procurador francês
 (Yves Herman / Reuters)

Investigação: "temos várias peças deste quebra-cabeça e nos últimos tempos várias peças foram encaixadas, mas ainda estou longe, ainda estamos longe, de terminar o quebra-cabeça", explicou o procurador francês (Yves Herman / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 21 de março de 2016 às 15h30.

Três dias após a prisão de Salah Abdeslam, a investigação sobre os ataques de Paris ganhou mais um capítulo nesta segunda-feira com a identificação de um cúmplice, Najim Laachraoui, cujo DNA foi encontrado no material explosivo utilizado em 13 de novembro.

Contudo, os investigadores estão longe de resolver o quebra-cabeça dos piores atentados já cometidos em território francês, que fizeram 130 mortos, declarou o procurador federal belga, Frédéric Van Leeuw, durante uma coletiva de imprensa conjunta com o procurador de Paris, François Molins.

"Temos várias peças deste quebra-cabeça e nos últimos tempos várias peças foram encaixadas, mas ainda estou longe, ainda estamos longe, de terminar o quebra-cabeça", explicou.

Os investigadores esperam que a prisão de Abdeslam ajude a esclarecer os fatos e traga novas pistas sobre o funcionamento da rede na Europa do grupo Estado Islâmico (EI), que reivindicou os ataques.

A respeito do mandado de prisão europeu, em virtude do qual Abdeslam deverá ser extraditado para a França em no máximo três meses, Molins indicou que há "uma forte expectativa da justiça francesa e das vítimas" que ele seja julgado na França.

Contudo, ele indicou que "é preciso dar tempo para a justiça belga respeitar" as regras aplicáveis ao mandato de prisão europeu.

Um dia depois de sua prisão em Molenbeek, Salah Abdeslamn expressou no sábado aos investigadores belgas sua recusa em ser entregue às autoridades francesas.

Seu advogado, Sven Mary, vê numa possível extradição uma maneira de "ajoelhar-se" ante a França.

Mary quer que seu cliente permaneça na Bélgica porque ele "vale ouro" para os investigadores belgas, aos quais não se recusa a responder.

Neste contexto, Molins declarou estar "sereno" por ter revelado que Abdeslam havia confessado durante os primeiros interrogatórios que "tinha a intenção de se explodir no Estade de France", mas que finalmente "voltou atrás".

Na quarta-feira, o detido deverá comparecer ante a Câmara do Conselho - tribunal de instrução - que decidirá sobre a prorrogação da detenção do belga.

De acordo com o procedimento do mandado de detenção europeu, a decisão final deve ocorrer dentro de 60 dias após a prisão, ou 90 dias em caso de recurso.

Indiciado no sábado em Bruxelas por assassinatos terroristas e participação nas atividades de um grupo terrorista, Salah Abdeslam parece "ter tido um papel central na preparação dos comandos de 13 de novembro", participando da chegada de alguns jihadistas na Europa, "na preparação logística dos ataques", segundo François Molins.

Ele comprou o equipamento necessário para a confecção dos cintos de explosivos e alugou um apartamento em Alfortville (subúrbio de Paris) e dois veículos, de acordo com o procurador de Paris.

O presidente francês, François Hollande, deverá receber durante a tarde no palácio do Eliseu as associações representando as famílias das vítimas dos ataques.

Cúmplice

Mais cedo, a procuradoria federal belga informou que Laachraoui, conhecido sob a falsa identidade de Soufiane Kayal, havia sido identificado.

"O nome Soufiane Kayal foi identificado como Laachraoui Najim, nascido em 18 de maio de 1991, e que foi à Síria em fevereiro de 2013", disse a procuradoria em um comunicado.

Uma casa vasculhada em 26 de novembro de 2015 em Auvelais, perto de Namur (sul da Bélgica), foi alugada sob a identidade falsa e utilizada para preparar os ataques de 13 de novembro.

Este homem de 24 anos teria ajudado a confeccionar os cintos de explosivos utilizados nos ataques na capital francesa, segundo indicou à AFP uma fonte próxima à investigação, confirmando uma informação do canal francês iTELE.

Dois meses antes dos ataques, em 9 de setembro, Laachraoui também passou por controles rodoviários em uma Mercedes sob sua falsa identidade, na fronteira austro-húngara junto a Salah Abdeslam e Mohamed Belkaid, um argelino de 35 anos abatido pela polícia na terça-feira em Forest, no sudoeste de Bruxelas.

Os investigadores acreditam que Laachraoui e Belkaid estiveram em contato telefônico com alguns dos comandos que estavam em Paris em 13 de novembro.

Há uma "forte probabilidade" de que Belkaid tenha sido o destinatário da mensagem de texto: "Vamos, comecemos", enviado às 21h42 por um dos suicidas da sala de espetáculos Bataclan de Paris a um telefone localizado na Bélgica.

Outro número belga telefonou na mesma noite a Abdelhamid Abaaoud, suposto organizador dos ataques, a partir do mesmo local em Bruxelas.

Em 17 de novembro foi utilizada a falsa identidade de Belkais, Samir Bouzid, para fazer uma transferência de 750 euros a Hasna Ait Boulahcen, a prima de Abaadoud, para que encontrasse um esconderijo na região parisiense.

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