A preocupação é que sistemas de refrigeração e o fornecimento elétrico não falhem, como ocorreu na usina de Fukushima (Japão) (Odd Andersen/AFP)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2011 às 10h36.
Bruxelas - A União Europeia testará a partir de 1º de junho a resistência de suas usinas nucleares perante catástrofes naturais e erro humano, mas deixará de fora a prevenção frente atentados terroristas, o que já gerou críticas sobre a utilidade da avaliação.
O comissário europeu de Energia, Günther Oettinger, que tinha declarado que não assinaria um acordo que não fosse suficientemente ambicioso, disse nesta quarta-feira em entrevista coletiva estar "muito satisfeito" com os critérios e a metodologia que seguirão as chamadas "provas de estresse".
"Criamos uma boa base para a avaliação objetiva de nossas usinas", afirmou Oettinger, que negou que os exames serão reduzidos a "automatismos" para cobrir o expediente e tranquilizar a população sobre a energia nuclear.
A principal novidade é a criação de uma equipe de avaliação supranacional formada por sete especialistas europeus que revisarão os controles aplicados pelas autoridades competentes de cada país e poderão efetuar comprovações no terreno, além dos controles de documentação iniciais.
A composição desta equipe será estipulada entre a Comissão Europeia (órgão executivo da União Europeia) e ENSREG - a plataforma que reúne as autoridades de segurança nuclear dos 27 -, mas Bruxelas já antecipou que incluirá dois membros permanentes para dar continuidade ao teste e que nenhum dos integrantes poderá ser do país estudado.
Apesar de todos os países terem se comprometido em realizar as provas, seu caráter é na realidade voluntário, por isso que a equipe de supervisão supranacional não terá competência para obrigar os Governos nacionais a fecharem as usinas que não passarem no exame.
Oettinger esclareceu que as provas examinarão a preparação frente as catástrofes naturais como terremotos, maremotos, inundações, temperaturas extremas; assim como as questões técnicas relativas aos sistemas de refrigeração e o fornecimento elétrico para garantir que não falhem, como ocorreu na usina de Fukushima (Japão), e evitar a fusão do núcleo.
Também levarão em conta os erros humanos, desde erros técnicos até acidentes de transporte, e revisarão se os funcionários das usinas são suficientemente qualificados para garantirem uma gestão segura da usina e reagir perante uma emergência.
A Comissão precisou também que o motivo pelo qual não se incluem provas como a prevenção perante ataques terroristas é porque as questões de segurança nacional não são competência da ENSREG nem da Comissão, mas dos Estados-membros, mas se comprometeu, a trabalhar nos próximos meses com os 27 com orientação sobre o assunto.
Os primeiros resultados serão anunciados ao Conselho Europeu em 9 de dezembro, mas as conclusões finais só serão divulgadas na primeira metade de 2012, data que o Executivo da UE prevê uma reforma da direção comunitária sobre segurança nas usinas nucleares, inicialmente prevista para 2014.
Na UE existem 143 reatores distribuídos em 14 Estados-membros, liderados pela França, com 58 reatores, seguida pelo Reino Unido (19) e Alemanha (17).