Estação de trem lotada de refugiados na fronteira da Croácia: o comissário para a Expansão da UE, Johannes Hahn, defendeu que a Europa precisava de "estabilidade" na região dos Balcãs para lidar com a crise migratória (Reuters / Antonio Bronic)
Da Redação
Publicado em 25 de setembro de 2015 às 13h01.
Repreendida pela UE, a Croácia concordou nesta sexta-feira em fazer concessões a respeito do bloqueio de sua fronteira com a Sérvia, enquanto a Hungria anunciou sua determinação de fechar as portas aos imigrantes vindos da Croácia.
Importante país de trânsito nos Balcãs desde o fechamento por Budapeste da fronteira sérvio-húngara, a Croácia fechou esta semana sua fronteira a veículos sérvios em protesto contra o fluxo de imigrantes vindos de Sérvia.
Dada a dimensão da crise entre os dois países, a pior desde o conflito da década de 1990, Bruxelas cobrou de Zagreb "esclarecimentos urgentes".
O primeiro-ministro croata Zoran Milanovic anunciou que levantará "hoje ou amanhã" o bloqueio da fronteira, mas ressaltou que tal medida poderia ser restaurada "a qualquer momento".
Durante o dia, em Belgrado, o comissário para a Expansão da UE, Johannes Hahn, defendeu que a Europa precisava de "estabilidade" na região dos Balcãs para lidar com a crise migratória.
"A única coisa que se pode fazer é levantar o bloqueio", disse ele depois de uma reunião com o primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic.
Dois dias após uma cúpula extraordinária da UE sobre a crise, o fluxo de refugiados que tentam chegar à Europa ocidental através dos Balcãs continua.
Zagreb indicou nesta sexta-feira ter registrado 8.500 novas chegadas de migrantes na quinta-feira, elevando a 55.000 o número de pessoas que passaram pelo país desde o fechamento da fronteira servo-húngara em 15 de setembro.
Quase todos os imigrantes que chegam na Croácia seguem para a Hungria, antes de chegar à fronteira austríaca e de lá, à Alemanha.
Bloqueios
Neste contexto, o primeiro-ministro populista húngaro, Viktor Orban, anunciou nesta sexta-feira sua intenção de fechar a fronteira entre a Hungria e a Croácia para os milhares de migrantes que atravessam a fronteira todos os dias em direção à Europa Ocidental.
"O fluxo de migrantes não vai reduzir (...), queremos evitar que as pessoas passem", declarou em uma coletiva de imprensa em Viena, depois de se reunir com o chanceler austríaco, Werner Faymann.
A Hungria, que instalou uma cerca de arame farpado de 175 km ao longo da fronteira com a Sérvia para impedir a chegada de migrantes, começou a fechar os 41 km de sua fronteira verde que não é delimitada pelo rio Drava com a Croácia.
"A instalação de uma proteção da fronteira com a Sérvia alcançou nossos objetivos. Temos de fazer o mesmo na fronteira com a Croácia", disse o primeiro-ministro húngaro.
No entanto, Orban indicou que tinha a intenção de buscar o apoio do maior número de parceiros internacionais antes de tomar tal medida.
O primeiro-ministro explicou que quer se reunir com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, na próxima semana em Nova York, e com líderes de "outros países".
O fechamento da fronteira com a Sérvia provocou fortes críticas de vários Estados, e as imagens de refugiados presos na cerca rodaram o mundo.
Mas um número crescente de líderes acreditam hoje, mais ou menos abertamente, que a Hungria cumpre o seu papel ao defender a fronteira da zona Schengen frente as ambiguidades da UE e sua incapacidade de controlar os fluxos de imigrantes que chegam na Grécia pela Turquia.
Na quarta-feira o líder húngaro viajou à Baviera, no sul da Alemanha, onde ganhou o apoio de líderes da CSU, os aliados bávaros da chanceler alemã, Angela Merkel.
"Viktor Orban não está tão errado quando diz que a UE deveria dizer o que ela realmente espera dele. Ele deve proteger a fronteira da UE? Ou os acordos de Dublin são obsoletos? Orban é o primeiro a expor esta questão", declarou o vice-chanceler austríaco Reinhold Mitterlehner.