A Grécia é o estado europeu com maior dependência do petróleo procedente do Irã (Alfredo Estrella/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de janeiro de 2012 às 09h06.
Bruxelas - As reservas da Grécia são o último empecilho pendente para que na próxima segunda-feira a União Europeia (UE) aprove um embargo sobre o petróleo do Irã, como indicaram nesta sexta-feira várias fontes diplomáticas.
Os 27, que já têm acordo político para vetar as importações de petróleo iraniano, buscam dar garantias a Atenas de que sua maltratada economia não será prejudicada pela colocação em prática da medida.
A Grécia é o estado europeu com maior dependência do petróleo procedente do Irã, especialmente porque o país persa não exige garantias financeiras em troca da provisão.
O objetivo grego é garantir que poderá comprar petróleo de outros produtores em condições similares, o que á mais complicado pela delicada situação financeira do país.
Segundo uma fonte comunitária, 'há boa vontade' por parte de vários produtores de petróleo para fornecer produto a Atenas, mas não há tempo para fechar nada concreto daqui até segunda-feira.
'Temos de encontrar uma forma de dar à Grécia garantias que tudo será regulado para que dê sinal verde', explicou essa mesma fonte em referência à reunião que os ministros das Relações Exteriores do bloco celebrarão na segunda-feira em Bruxelas e onde os 27 querem aprovar a aplicação do embargo.
Segundo afirmou, os demais estados-membros são conscientes de que as sanções ao petróleo iraniano poderiam representar 'uma nova carga às finanças gregas' e, por isso, há 'vontade política' para encontrar uma solução.
Os embaixadores comunitários manterão uma última reunião na manhã de segunda-feira. Se dela não sair um acordo, o assunto chegará ainda aberto à mesa dos ministros.
Salvo a Grécia, os demais países aceitaram o embargo que, pela versão atual dos textos, proibiria imediatamente qualquer novo contrato petroleiro com o Irã e daria de prazo até 1º de julho para colocar fim aos existentes.
Os outros dois países europeus que importam grandes quantidades de petróleo iraniano, Espanha e Itália, deram o sinal verde à fórmula, conforme fontes diplomáticas.
No caso espanhol, nem sequer se consideraria um problema antecipar a data para 1º de julho, garantiram as mesmas fontes.
Paralelo a isso, os 27 aprovarão na segunda-feira novas sanções econômicas contra Teerã, congelando boa parte dos ativos do banco central iraniano e, possivelmente, de alguma outra instituição financeira.
O acordo fechado ontem não prevê bloqueio completo ao banco central, pois inclui um abastecimento para permitir que 'o comércio legítimo' continue e para que a dívida iraniana pendente possa ser paga aos países europeus, informaram fontes diplomáticas.
Todas as medidas têm como objetivo pressionar o regime e dificultar o financiamento de seu programa nuclear, que a comunidade internacional suspeita tenha fins militares.
Enquanto endurece sua política de sanções, a UE mantém ao mesmo tempo a porta aberta ao diálogo, e assim o confirmarão na segunda-feira os ministros das Relações Exteriores.
Os representantes dos 27 aprovarão um documento no qual expressarão sua disposição a realizar uma nova rodada de diálogo sobre o dossiê nuclear desde que o Irã dê mostras de querer uma conversa séria a respeito ao assunto, explicou nesta sexta-feira uma fonte europeia.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Ali Akhbar Salihi, afirmou esta semana que Istambul é o lugar mais provável para acolher novas negociações entre Irã e o 'Grupo 5+1' (Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia, China mais Alemanha) para buscar uma solução para o polêmico sobre o programa nuclear persa.