Integrantes do Pussy Riot presas: em Paris, centenas de pessoas também se reuniram para manifestar apoio às integrantes do grupo (AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2012 às 13h56.
Bruxelas - A União Europeia (UE) qualificou nesta sexta-feira de "desproporcional" a condenação a dois anos de prisão imposta às integrantes do grupo punk russo Pussy Riot e reivindicou à Rússia que revise a sentença.
"Estou muito decepcionada com o veredicto", disse em comunicado a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, afirmando que o resultado vai "contra as obrigações internacionais da Rússia no que se refere à liberdade de expressão", lembrando também das supostas irregularidades durante o julgamento.
"O caso põe um ponto de interrogação sobre o respeito da Rússia às obrigações internacionais sobre processos legais justos, transparentes e independentes", acrescentou Ashton. Por isso, a chefe da diplomacia da UE disse que está confiante que a sentença "seja revisada e revogada".
"Sentenciar três jovens mulheres, duas delas mães de crianças pequenas, a dois anos de prisão por expressar pacificamente, embora de forma controvertida, suas ideias, é profundamente preocupante", afirmou a diplomata. Catherine lembrou que o caso faz parte do "recente aumento da intimidação por motivos políticos e da perseguição de ativistas da oposição na Federação Russa". Essa tendência, garantiu, gera uma "crescente preocupação na União Europeia".
Em Paris, centenas de pessoas também se reuniram para manifestar apoio às integrantes do grupo, convocadas por uma dezena de associações e ONGs, para pedir a "imediata libertação" das três mulheres.
A Anistia Internacional (AI), a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e o grupo feminista Osez le Feminisme, entre outros, reuniram entre 200 e 300 pessoas para apoiar as três jovens que em 21 de fevereiro subiram disfarçadas no altar do principal templo ortodoxo russo e cantaram contra o atual presidente do país, Vladimir Putin.
A paródia de prece dizia "Mãe de Deus, leve Putin" e acusava o patriarca da Igreja Ortodoxa Russa, Kirill, de crer no presidente da Rússia e não em Deus.
Os manifestantes em Paris denunciaram o "absurdo" da condenação em um "Estado europeu e laico", durante um protesto reproduzido em outras cidades da França, como Montpellier e Marselha.
"O veredicto de culpabilidade estabelecido pela juíza mostra uma tendência perturbadora na Rússia, a de um presidente que fez da justiça uma arma política para pressionar e esmagar qualquer tipo de oposição", declarou à Agência Efe Nicolas Krameyer, porta-voz da Anistia Internacional França.
Paris se somou assim à mobilização em apoio às jovens que encontrou eco em várias cidades de todo o mundo, na qual participaram celebridades e artistas. O grupo foi condenado a dois anos de prisão por vandalismo e incitação ao ódio religioso.