Kiev - Os ucranianos expressaram seu apoio em massa aos movimentos políticos integrados por jovens atores da sociedade civil e combatentes da guerra contra os rebeldes separatistas, marginalizando os veteranos, sejam eles pró-russos ou nacionalistas.
O bloco do presidente Petro Poroshenko lidera as eleições legislativas antecipadas de domingo, segundo as pesquisas de boca de urna realizadas após o fechamento das urnas.
Os principais vencedores são a Frente Popular do primeiro-ministro Arseni Yatseniuk e o partido quase desconhecido Samopomich (Autoassistência), que se vangloria de não ter nenhum funcionário em sua lista.
As duas formações defendem maior firmeza em relação à Rússia, que anexou a Crimeia em março e que é acusada de instigar a insurreição armada pró-russa no leste do país.
Não ao monopólio
A Frente Popular conta entre seus candidatos emblemáticos a jornalista Tetiana Chornovol, conhecida por suas publicações sobre a corrupção do regime pró-russo de Viktor Yanukovycht, e que foi barbaramente agredida durante os protestos há um ano.
Também inclui Andreii Teteruk, que lutou contra os separatistas no leste e que diz estar disposto a voltar para "restaurar a ordem pegando em armas".
O sucesso da Frente Popular irá pavimentar o caminho de Arseni Yatsenyuk para voltar ao cargo de primeiro-ministro, o que os aliados já exigiam domingo à noite.
Ao contrário de Poroshenko que negocia com Vladimir Putin para promover seu plano de paz no leste rebelde, Yatseniuk defende as sanções econômicas ucranianas contra a Rússia e a construção de um "muro" na fronteira oriental.
"Os eleitores não querem um monopólio do presidente Poroshenko. Eles votaram para a dupla Yatseniuk-Poroshenko. Formalmente, Poroshenko venceu, mas na realidade pode ser o perdedor", afirma o cientista político Vadim Karasev.
Para seu colega Volodymyr Fesenko, os dados das pesquisas de boca de urna mostram que os ucranianos "desejam que a política seja feita no Parlamento e não na presidência".
Surpresa militante
A verdadeira surpresa dessas eleições foi o partido Samopomich do prefeito de Lviv, reduto nacionalista ocidental, Andrei Sadovi, praticamente desconhecido há alguns meses.
Este partido conta em sua lista com militantes como Ganna Gopko, promotora de reformas econômicas, Yegor Sobolev, autor de um projeto de lei para retirar do poder políticos corruptos, ou Semen Semenchenko, comandante de um dos batalhões de voluntários que tem se destacado no conflito no leste.
O populista carismático Oleg Liachko, que acusa o governo de firmar compromissos inaceitáveis com Moscou, conseguiu que seu Partido Radical entrasse no Parlamento. Bom orador com tintas nacionalistas, foi acusado por alguns meios de comunicação de ser financiado por uma pessoa próxima ao presidente deposto Viktor Yanukovych.
O principal perdedor das eleições é sem dúvida o Partido Comunista, acusado de apoiar abertamente os separatistas e de ser a encarnação do passado soviético, com o qual os ucranianos romperam definitivamente depois de três meses de protestos em Maidan.
"Os ucranianos disseram adeus ao seu passado político", resumiu Volodymyr Fesenko.
Em um ambiente cada vez mais anti-russo e hostil aos representantes do antigo regime, o resultado modesto do bloco de oposição pró-russo, que entra no Parlamento composto por ministros e um governador da era Yanukovych, é um "êxito", segundo o cientista político Taras Berezovets.
Cartão amarelo
O outro perdedor, segundo ele, é o partido da ex-primeira-ministra Yulia Tymoshenko, estrela da Revolução Laranja e poderosa adversária de Viktor Yanukovych em 2010.
Presa logo após a eleição e libertada após a destituição de Yanukovych, não conseguiu se impor no cenário político. Os eleitores acreditam que o seu tempo já passou.
"Não é o fim de Tymoshenko, mas de uma política personalizada na Ucrânia", acredita Vadim Karasev.
Revelação nas eleições legislativas de 2012, os nacionalistas do Svoboda perderam força, apesar do papel ativo que desempenharam em Maidan.
"É um cartão amarelo", diz Berezovets, enfatizando que seus eleitores tradicionais migraram seus votos para o Samopomich ou Pravy Sektor, outra formação nacionalista radical, que esteve na linha de frente em Maidan com coquetéis molotov e que segue lutando contra os rebeldes no leste.
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1. Velas e armas
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1/13 (Graham Denholm / Getty Images)
São Paulo – Na quinta-feira, o voo MH17 da Malaysian Airlines, que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur, foi derrubado enquanto sobrevoava o céu do leste da Ucrânia. Desde então, o governo central ucraniano e a Rússia trocam acusações sobre quem foi responsável pelo míssil que atingiu o avião. Veja, a seguir, as fotos do desenrolar do conflito desde a queda do avião até este domingo.
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2. Pelo chão
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2/13 (Getty Images)
As bagagens e pertences pessoais das vítimas que estavam a bordo do Malaysia Airlines voo MH17 estão espalhadas por Grabovo, na Ucrânia. Segundo relatos de correspondentes internacionais, os destroços do avião estão espalhados a até 15 km do ponto central onde está a maior parte da fuselagem.
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3. Memória saqueada
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3/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Dinheiro, joias, objetos pessoais e até cartões de créditos das 298 vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines, abatido por um míssil na Ucrânia, na sexta-feira, estão sendo saqueados. Militantes separatistas admitem que removeram objetos, além das caixas-pretas, do local do acidente.
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4. Sem destino
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4/13 (Brendan Hoffman / Getty Images)
Hoje, um vagão de trem refrigerado com parte dos corpos dos passageiros de Malaysia Airlines vôo MH17 aguarda na estação de trem para o transporte ruma a um destino ainda desconhecido. O vôo MH17 da Malaysia Airlines viajava de Amsterdã para Kuala Lumpur quando caiu matando todos os 298 a bordo, incluindo 80 crianças.
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5. Caixa-preta
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5/13 (Getty Images)
O governo da Ucrânia disse neste domingo que interceptou conversas telefônicas entre os rebeldes pró-russos e os militares russos. Os
rebeldes admitiram hoje podem estar com a caixa-preta e prometeram entregar caixas pretas do voo malaio à Organização da Aviação Civil Internacional.
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6. Represália Europeia
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6/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
De
acordo com o WSJ, os líderes europeus ameaçaram impor sanções mais duras contra a Rússia, em decorrência da queda do voo MH17, sem deixar ainda claro o que pode acontecer em represália. Os chanceleres da União Europeia se reunirão em Bruxelas nesta terça-feira para decidir o que fazer, mas há uma grande chance que ativos na Europa construídos por empresários russos, bem como as de empresas originárias do país, possam ser congelados.
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7. Maioria holandesa
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7/13 (Graham Denholm / Getty Images)
A maioria das 298 pessoas a bordo do voo MH 17 era de nacionalidade holandesa. Entre as vítimas havia 154 passageiros holandeses, 27 australianos, 23 malaios, onze indonésios, seis britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos e um canadense no voo. "As famílias querem enterrar seus parentes", declarou ministro do Exterior holandês, Frans Timmermans. Um grupo de 15 especialistas holandeses foi enviado ao local da tragédia para identificar os corpos.
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8. Domingo de homenagem
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8/13 (Christopher Furlong / Getty Images)
Velas em memória das vítimas foram acesas durante uma missa especial na Igreja de Saint Vitus em Hilversum, Holanda, nesta manhã. Três famílias da cidade morreram no acidente. Por todo o país o domingo foi marcado por homenagens às vitimas da tragédia, lembradas em cultos, eventos esportivos e oficiais e no aeroporto Schiphol de Amsterdã, de onde o avião partiu na última quinta-feira.
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9. Em busca da cura
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9/13 (Graham Denholm / Getty Images)
Um participante da 20ª Conferência Internacional de AIDS que acontece hoje em Melbourne, Austrália, amarra uma fita vermelha em homenagem daqueles que perderam suas vidas no voo MH17. Pelo menos seis enviados estavam no avião rumo ao encontro dos maiores especialistas em busca da cura para a doença.
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10. EUA diz que sabe
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10/13 (gett)
Os
Estados Unidos detectaram o lançamento de um míssil antiaéreo e observou sua trajetória na quinta-feira passada, quando o avião da Malaysia Airlines caiu, supostamente atingido, no leste da Ucrânia, afirmou neste domingo o secretário de Estado, John Kerry. O presidente Barack Obama já hava dito que tudo apontava para que o avião tivesse atingido por rebeldes pró-russos. 'Sabemos, com certeza, que durante o último mês houve um fluxo de armamento, um comboio de uns 150 veículos incluídos transporte de pessoal, lança mísseis, artilharia, da Rússia para o leste da Ucrânia', disse ele.
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11. Artigo editado
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11/13 (Getty Images)
O imbróglio da Ucrânia e Russia chegou à web. Primeiro, um computador de Kiev, capital da Ucrânia,
editou o artigo em russo para "acidentes de aviação comercial" colocando a culpa da queda em "terroristas da auto-proclamada República Popular de Donetsk com mísseis de sistema Buk, que os terroristas receberam da Federação Russa". Menos de uma hora depois, alguém com um endereço de IP russo mudou o texto para "o avião foi abatido por soldados ucranianos".
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12. Duas tragédias no ano
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12/13 (Maxim Zmeyev/Reuters)
Depois de ter um avião desaparecido nos ares em março, nesta quinta-feira, o Boeing 777 da companhia Malaysia Airlines com 295 passageiros a bordo caiu na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, sem deixar sobreviventes. A
companhia já apresentava uma operação deficitária antes disso, suportada por verbas governamentais e que degringolava cada vez mais pela imagem afetada com a tragédia. Agora deve ter de enfrentar processos movidos por pessoas de vários países.
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13. Agora, veja quais são os exércitos mais poderosos
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13/13 (Bradley Rhen / US Army / Wikimedia Commons)